Uma Santa que vai continuar a ser conhecida por Madre Teresa de Calcutá, como sublinhou o Papa Francisco
Transcrição "ipsis-verbis" da notícia da Rádio Vaticana sobre a canonização desta mulher ímpar.
Cidade do Vaticano – Domingo 4 de Setembro de 2016, às 10,20
horas de Roma, o Papa Francisco procedeu a celebração da canonização de Madre
Teresa de Calcutá, numa Praça de S. Pedro repleta de fiéis e peregrinos,
autoridades civis e religiosas, provenientes de diversos cantos do planeta
Terra, para assistir a este evento: mais de 120 mil fiéis e peregrinos que
assistiram a este evento ecclesial e mundial. De fato, hoje, os olhos e os
corações dos fiéis da Índia e do mundo inteiro estão voltados para Roma, centro
da catolicidade, em espírito de oração, de júbilo e de louvor à Deus por este
evento da canonização de Madre Teresa de Calcutá, esta mulher simples que tanto
amou os últimos, os deserdados, enfim, os excluídos do sistema-mundo.
Madre Teresa, de Calcutá, cujo nome de baptismo é Anjézé
Gonxhe Bojaxhiu, nasceu em Skopje (na ex Jugoslávia), no dia 26 de Agosto de
1910, de pais de origem albanesa. Faleceu em Calcutá, na Índia, no dia 5 de
Setembro de 1997.
Religiosa albanesa, naturalizada indiana, Madre Teresa,
iniciou o seu noviciado a 24 de Maio de 1929, tendo no dia 25 de Maio de 1931,
professado os votos religiosos para a Congregação de Nossa Senhora de Loreto,
assumindo o nome de Irmã Teresa em homenagem a Santa Teresa de Lisieux.
Em 1935 foi enviada para Calcutá, na Índia, para terminar os
estudos religiosos e onde acaba descobrindo o mundo da miséria humana e dos
excluídos deste nosso mundo da globalização da indiferença e que marcará o
início da sua conversão religiosa, até ao ponto de, mais tarde, fundar uma
própria Congregação para se dedicar inteiramente ao serviço destes últimos,
destes “danados da terra”. Em 1950 o Papa Pio XII autorizou oficialmente a
instituição desta nova Congregação denominada “Congregação das Missionárias da
Caridade”.
Num mundo tão difícil
e conturbado como o nosso, o exemplo de Madre Teresa continua a ser fonte de
inspiração para milhões de pessoas, e a sua vida é sinal de que tudo é possível
quando o amor impera. Ela, mulher de compleição física minuta e simples, era exemplo, de uma vida completamente habitada
por um amor preferencial pelos pobres.
Ela repetia sempre que a pior pobreza é não ser amado, ser rejeitado e
abandonado. “Todos temos necessidade de amor para podermos viver” e ao mesmo
tempo deixar que a vida nos surpreenda e nos conduza pelos caminhos do amor.
A exemplo de tudo isso, ela repetia em várias ocasiões o
seguinte: “eu vim a Calcutá para a transformar, mas depois de um tempo vejo que
é Calcutá que me está a transformar”. Esse, caros ouvintes, foi o grande
presente que Madre Teresa recebeu, pois carregava consigo os valores dos mais
pobres entre os pobres, que são pessoas que nos ensinam muito, nos ensinam a
aceitar o que a vida nos oferece. Madre Teresa jamais deu um passo atrás na
defesa da dignidade das pessoas.
Ora, para quem conhece um pouco a vida de Madre Teresa e a
sua radical escolha pelos últimos, naturalmente virá à memória imagens e
fotografias dessa “grande” mulher entre os deserdados de Calcutá, mas também
entre os grandes da terra e ao lado de um grande amigo, São João Paulo II. Ela
era “um mero lápis nas mãos de Deus”, como gostava de se definir. Estava bem
consciente de ser um simples instrumento nas mãos de Deus de Jesus Cristo
libertador, que através dela continuava a escrevia a sua história de salvação
da nossa humanidade.
Essa mulher marcou a nossa história recente, a história dos
homens de boa vontade e da igreja contemporânea. Ela demonstrou com o seu modo
simples, mas decidido, que é possível entregar tudo nas mãos daquele que é Amor
Misericordioso. Marcou também a vida daqueles que a conheceram e daqueles que
seguiram o seu exemplo e hoje formam o grande exército das Missionárias da
Caridade.
Alegria e gratidão: este o binómio comum em todos os lugares
onde estão presentes as Missionárias da Caridade; das grandes cidades às
grandes periferias geográficas do mundo inteiro.
A “Mãe dos pobres”, promotora da dignidade da pessoa humana
até a morte natural, era também uma líder capaz de colocar juntos partes em
conflito e resolver controvérsias aparentemente irresolvíveis. Um compromisso
que lhe valeu o Nobel da Paz em 1979. Sinal de que Madre Teresa continua a
inspirar a todos no compromisso de chegar até aos mais necessitados e
marginalizados com amor e compaixão. Não deixar jamais ninguém para trás,
ocupando-se dos excluídos do nosso sistema-mundo desta globalização da
indiferença, onde quer se encontrem. Por conseguinte, hoje, justamente os
refletores de todo o mundo estão concentrados na obra de amor e paz realizada
por esta pequena-grande mulher, “operária do amor”.
Neste Ano da Misericórdia, certamente, a mensagem que brota
da Canonização de Madre Teresa é a mensagem de sempre: no centro da vida da
Igreja, e, portanto, da vida de todos nós cristãos, está a caridade. Elemento
que forma a nossa personalidade, que dá sentido à nossa existência de simples
seres humanos, mas fundamentalmente de discípulos do Jesus Cristo Libertador,
Ele que foi o primeiro Oprimido libertador dos outros oprimidos do
sistema-mundo.
Angelus e pós- Angelus
Após a celebração da santa missa, Francisco procedeu a
recitação do Ângelus. Na sua breve mensagem, o Santo Padre agradeceu, antes de
mais, a todos os presentes na Praça de S. Pedro, provenientes de diversas
partes do mundo para assistir à esta celebração e de modo particular as “Missionárias
e Missionários da Caridade que são, recordou Francisco, a família espiritual de
Madre Teresa. “Que a vossa fundadora, acrescentou o Papa, vos conceda a graça
de permanecerdes sempre fiéis a Deus, à Igreja e aos pobres.
Em seguida Francisco saudou cordialmente e com gratidão às
autoridades e delegações presentes, de modo particular, àquelas provenientes de
países mais ligados à figura da nova Santa. “Deus abençoe as vossas nações”,
disse o Santo Padre.
<<Com afeto, disse Francisco, saúdo todos vós, caros
voluntários e operadores de misericórdia. Confio-vos à protecção de Madre
Teresa: que ela vos possa ensinar a contemplar e a adorar todos os dias, Jesus
Crucificado, para que O possais reconhecer e servir nos irmãos necessitados.
Peçamos esta graça também para todos aqueles que são unidos a nós através dos
meios de comunicação sociais, em todas as partes do mundo>>.
Finalmente, prosseguiu o Santo Padre, “neste momento, quero
recordar todos aqueles que dedicam a sua vida ao serviço dos irmãos em
contextos difíceis e perigosos. Penso especialmente, a tantas Religiosas que se
entregam completamente e sem nunca se pouparem, ao serviço dos outros. Rezemos
de maneira particular, para a Irmã Isabel, espanhola, que foi assassinada dois
dias atrás em Haiti, um país que enfrenta diversas dificuldades. Faço votos
para que cessem tais atos de violência e que haja mais segurança para todos.
Recordemos também outras Irmãs que, recentemente, foram vítimas da violência. E
o façamos dirigindo-nos à Virgem Maria, Mãe e Rainha de todos os
santos>>.
E o Papa Francisco a todos deu a bênção apostólica.
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