No friso escultórico do Padrão dos Descobrimentos
o Infante D. Henrique segura entre mãos uma nau das descobertas
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Eis o Infante D. Henrique, postado pela arte escultórica como se fosse na proa de uma das muitas naus que ele viu partir do Promontório de Sagres, e que o Poeta Fernando Pessoa, também colocou a abrir a Segunda Parte do Poema Mensagem - a que chamou: Mar Português - à frente do sonho da aventura das Descobertas a desvendar a espuma com ele diz:
I. O INFANTE
Deus quere, o homem sonha, a
obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda
uma,
Que o mar unisse, já não
separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a
espuma,
E a orla branca foi de ilha em
continente,
Clareou, correndo, até ao fim do
mundo,
E viu-se a terra inteira, de
repente,
Surgir, redonda, do azul
profundo.
Quem te sagrou criou-te
português.
Do mar e nós em ti nos deu
sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se
desfez.
Senhor, falta cumprir-se
Portugal!
É por isso que ao admirar o gesto garboso do Infante D. Henrique que aparece no friso do Padrão das Descobertas, de cuja imagem se capturou o vulto do Navegador segurando entre mãos a prefiguração em pedra de uma das naus, nada melhor o podia representar que não fosse aquela nau, por ter sido com ela e outras semelhantes que o Mapa da Terra se foi abrindo, porque, de repente, surgiu - como diz Fernando Pessoa - redonda, do azul profundo.
Pena só, que pela força destemida daquela nau que ele segura se tivesse cumprido o Mar, sem que, no entanto, este feito - o maior do seu tempo - tivesse evitado que o Império se desfizesse - e que o devir dos tempos veio a impor, mas pela lástima como o perdemos - e o que é bem pior, que não se tenha cumprido Portugal, hoje, uma Nação que da força que teve, bem pouca lhe resta.
Valha-nos ao menos a lembrança dos homens que tivemos, como este da ínclita geração, que ali, no Padrão das Descobertas, mostra aos homens de hoje, um dos heróis que tivemos e em cujas mãos mostra o seu tesouro maior.
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