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sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Falando de absolutismo...


O absolutismo que fazia do rei - ilusoriamente - um receptador privilegiado  da lei divina e, como tal, um cumpridor entre os homens dessa vontade de um céu inventado, efectivamente acabou com o advento da Revolução Francesa, que no entanto, não tardou em criar ideias absolutas se consideramos que o lema: LIBERDADE, IGUALDADE, FRATERNIDADE dos revolucionários foi subvertido em 1791 com a "lei de Le Chapelier" que proibiu os sindicatos dos trabalhadores e as greves.

E com a vigência da "Convenção Nacional" que esteve activa entre Setembro de 1792 a Outubro de 1795, dominada absolutamente pelos jacobinos e pelo seu chefe Robespierre deu-se início ao reino do "Terror" que levou à guilhotina o rei deposto Luis XVI em 1793, a que sucedeu o "Directório", um golpe de Estado que marca o fim de qualquer participação popular no movimento revolucionário, com o exército autoritariamente a impor a sua vontade até ao golpe do "Brumário" de 1799 que pôs fim ao "Directório" e dá início ao consulado de Napoleão que instalou, como se sabe, na Europa a força ditatorial das suas tropas até à derrota em Waterloo em 1815.

Esta "pincelada" breve mostra à saciedade que o "rei absoluto" morreu em França como noutras partes do Mundo - como aconteceu  em Portugal - mas o absolutismo com novos cambiantes mascarados, quer fosse os do Liberalismo ou mais modernamente da Democracia, continua a ter os seus chefes absolutos.

Não nos iludamos.

Há no homem uma tendência para o absolutismo das suas ideias ou das suas crenças, pelo que, ao invés do pensamento de Locke que defendeu os direitos naturais do homem - direito à vida, à liberdade e à propriedade - e que para os defender se criaram os governos, defendendo o direito da revolta dos povos contra eles, o que está a acontecer tem sido, exactamente isto e esse é o grande contributo do tempo democrático quando este gera nos governos as prepotências dos eleitos, ou seja, as suas tendências absolutistas como não raro, tem acontecido ente nós.

Todos já assistimos no nosso Parlamento à votação de leis em que os deputados se vêem amarrados à disciplina de voto, que mais não é que a obediência ao chefe partidário que sobre eles exerce um poder que se assemelha ao absoluto da razão que ele diz ter sobre determinado assunto, donde se infere que o absolutismo não morreu, mesmo em tempos democráticos, o que não deixam de ser resquícios que ficaram latentes desde os princípios mais fundos da existência do homem sobre a face da Terra.

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