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quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Por falar de tempo...


DECÁLOGO DO TEMPO

1 – Lembra-te de que prestarás contas das horas que passam.
2 – Aproveita a hora presente, pois ela representa o trabalho, o cumprimento do dever, o mérito.
3 – Não esqueças que o tempo perdido não se recupera mais.
4 – Tem em alta consideração o valor do tempo.
5 – Não percas tempo em bebidas, jogos e conversas ociosas.
6 – Um bom método economiza muito tempo.
7 – Não faças ninguém perder tempo esperando por ti.
8 – Emprega bem o tempo seguindo um programa.
9 – Luta contra os inimigos do tempo: preguiça, falta de ideal.
10 – Aproveita o tempo enquanto é tempo.

in, "O Astrolábio" (nº 77)
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Li este Decálogo na folha informativa da Igreja Paroquial sediada no meu antigo Concelho serrano e dos dez avisos que contém, todos preciosos para gerirmos o tempo que temos - e não vamos ter outro - fixei com mais atenção o nº 3 - Não esqueças que o tempo perdido não se recupera mais - e, quase instantaneamente, veio-me à lembrança o conhecido aforismo que diz: a água que passou debaixo da ponte só passa uma vez.

E é verdade, muito embora, a que volta a passar nos pareça igual...

E, depois, nesta lucubração, voltando ao nº 3, o meu pensamento voou célere para esse soneto intemporal de Frei António das Chagas que reproduzo a seguir, para depois agradecer ao redactor de "O Astrolábio" o facto de me ter presenteado com aquele "Decálogo" e àquele velho católico consagrado, porque li e meditei em todos os versos da sua admirável poesia, para concluir que, ou aproveitamos a hora que passa e a vivemos em nosso proveito mas com reflexo para a sociedade, ou se o não fazemos, o tempo perdido foi mesmo perdido, porque podemos - e devemos emendar aquilo que não fizemos na hora exacta - mas o que acontece é que o prazer de a ter perdido não se recupera jamais... porque o tempo passado... é mesmo tempo passado.

Leiamos a Conta e Tempo de Frei António das chagas:

 Conta e Tempo

 Deus pede estrita conta de meu tempo.
 E eu vou do meu tempo, dar-lhe conta.
 Mas, como dar, sem tempo, tanta conta
 Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?

 Para dar minha conta feita a tempo,
 O tempo me foi dado, e não fiz conta,
 Não quis, sobrando tempo, fazer conta,
 Hoje, quero acertar conta, e não há tempo.

 Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta,
 Não gasteis vosso tempo em passatempo.
 Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta!

 Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo,
 Quando o tempo chegar, de prestar conta
 Chorarão, como eu, o não ter tempo...

Frei António das Chagas, in 'Antologia Poética'
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Foi, por isso, que lendo o Decálogo e relendo a Conta e Tempo, podendo não ter outro tempo, sentei-me e escrevi aquilo que deixo para quem me queira ler, atrevendo-me a pedir aos meus eventuais leitores que prestem atenção a cada um dos momentos do tempo que têm, porque ele é um bem precioso - e de tal modo - que é do momento vivido, por mais ínfimo que seja, que é dele que podem partir os grandes momentos da vida.


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