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sábado, 20 de junho de 2015

Quando é que nos entendemos na pluralidade desejável?


Gravura publicada pelo jornal já extinto 
"O Zé" e3 14 de Maio de1912

Um breve "Intróito" histórico a esta gravura  exemplar. 

Numa paródia ao célebre quadro de Malhoa "O Fado" que havia sido apresentado no Porto em Janeiro de 2012, o caricaturista representa a bem conhecida mulher da Mouraria de então, conhecida por "Adelaide da Facada" como se fosse a Pátria a ouvir, deleitada o também conhecido guitarrista rufião e desordeiro "Amâncio" como se ele retratasse o chefe do clã republicano, entretido a dar "música celestial" a um povo que queriam ver, num ápice, republicano.

Em 2012  vivia-se então o sonho republicano de "pão a pataco" e do ataque à Igreja com que os republicanos do tempo com os tais do "cantos ao fado" - como parte do povo monárquico os apelidava - tentavam fazer feliz o povo que a todo o custo queriam do seu lado para ser esquecido o bárbaro assassinato do Rei e do Príncipe.

Assim, contra uma manifestação dos católicos no dia 1 de Janeiro de 2012, no dia 14 são desterrados os Bispos de Coimbra e Viseu, tendo havido no mesmo dia uma manifestação anticlerical promovida pela "Associação do Registo Civil" em cujas bandeiras se lia: "Sem Deus nem Religião" encabeçada por Magalhães LIma e a 31 do mesmo mês são presas 700 pessoas e censurados todos os jornais monárquicos.

No mês seguinte, a 12 são desterrados os Bispos de Braga, Portalegre e Lamego e todo o resto do ano é consumido nestas andanças, com o Parlamento entretido em remodelações - sempre a bem da República - até ela dar, como deu, com "burrinhos na água".

Tudo isto - e tudo o resto que foi muito e bárbaro com a Maçonaria a comandar o navio desgovernado da I República - foi feito a coberto do lema "ética republicana" que ainda hoje tem seguidores, como se sabe.



Mas vamos ao dia de hoje e ao mesmo Parlamento e àquilo que se passou na última sessão da actual legislatura, ontem, dia 19 de Junho de 2015.

A esquerda socialista - não a outra - mas esta que se diz herdeira de um republicanismo que já passou de moda, menos naqueles que ainda enchem a boca com a tal ética republicana, um aforismo falacioso, entreteve-se a cantarolar "cantos ao fado" a uma Pátria que desesperadamente tenta equilibrar-se dos desmandos de que têm abundantes culpas e, que se saiba, passaram quatro anos desde 2011 - e da parte deles - que obrigaram Portugal a ajoelhar aos pés dos credores internacionais, nem uma só ajuda, mas só um "deita abaixo" matematicamente conduzido.

Se isto é "ética republicana", estamos conversados, porquanto foi ela que deitou abaixo a I República.

Creiam os tais da "ética republicana" que ou ajudam os seus parceiros a mudar de tom - ou seja, a acabar de vez com os "cantos ao fado" que de tão arrastados, o embrulho que fazem numa demagogia calculista e acirradamente partidária, já há muito tempo deixaram de encantar os que se põem a pensar que é preciso modernizar a política portuguesa, sobretudo neste tempo em que as ideologias morreram, dando lugar a "cartilhas" mais abertas à modernidade de uma Democracia adulta e responsável, respeitadora da História sócio-cultural do povo que somos.

Um apelo: Entendam-se, PS,PSD e CDS. 

Formem um bloco, quando tal for necessário, e salvem Portugal e que a "ética republicana" de uns tantos que emperram o caminho - não só dentro do PS - ceda de uma vez para sempre à ética dos valores que tornaram Portugal independente.

Pena é, que estejam à porta novas eleições legislativas e este potencial e desejável entendimento político pós-eleitoral não se veja possível, mas ao menos, que as diferenças, calculadamente sobrevalorizadas e azedas da campanha eleitoral não fecham a porta a diálogos parlamentares construtivos como nestes últimos quatro anos assistimos.

E valha a verdade, PS, PSD e CDS, nenhum deles está isento, muito embora se saiba o modo como o PS, conduziu arrogantemente o seu desempenho parlamentar, como se nada tivesse a ver com a pré-bancarrota a que estivemos sujeitos e de que não estamos totalmente livres do mesmo não voltar a acontecer.

Por favor, que a paródia que o caricaturista do Jornal "O Zé" fez com base no quadro autêntico "O Fado" não sirva para darem ao povo mais "cantos ao fado" - e neste particular, entram PS, PSD e CDS -  e, portanto, que este hábito endémico da nossa incultura política ceda a vez à modernidade da palavra viva - como deve ser - mas não da que parece estar viva e nasce morta... e torta, porque nada diz que não sejam "cantos ao fado"!

Quando é que nos entendemos na pluralidade desejável?

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