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domingo, 14 de junho de 2015

Os leões de S. Marcos e de S. Jerónimo


S. Marcos (Veneza) de Donatello com o leão alado


Na iconografia cristã o Apóstolo S. Marcos é apresentado como um leão alado - como acontece em Veneza de quem é o Padroeiro - ou, com um leão normal, simbolizando um e outro a força da sua Palavra.

Deste Apóstolo diz uma lenda que em Alexandria a Igreja que guardava as suas relíquias foi destruída pelos árabes em 644 e da que lhe sucedeu, reconstruida em 828 dois mercadores venezianos, temendo nova arremetida dos herejes, levaram as relíquias para Veneza, tendo sido recebidas em triunfo pelo Doge, que deu de imediato ordenou a construção da Basílica que desde então tem o seu nome e que veio a ser consagrada em 1094, tendo-lhe sido dedicada em detrimento de S. Teodoro, até ali o Padroeiro da cidade.

Diz-se que S. Marcos é representado pelo leão por começar o seu Evangelho pela pregação de S. João Baptista no deserto da Judeia e como o leão era um animal poderosíssimo, a sua pregação assemelhou-se ao seu rugido.




S. Jerónimo  (340 - 420d.C.) é um dos quatro doutores da igreja, a par de S. Ambrósio, S. Agostinho e de S. Gregório. A pedido do Papa São Dâmaso assumiu no ano de 382 a colossal tarefa de traduzir os manuscritos sagrados, hebraicos e gregos, para o latim. 

Também, provindo duma lenda, conta-se que num certo dia foi surpreendido em pleno deserto por um leão que lhe pareceu andar com muita dificuldade. O padre Jerónimo não fugiu e deteve o seu olhar sobre o animal e o modo como ele se movimentava. Chegando perto do feroz animal apercebeu-se que ele tinha encravado numas das patas um agudo espinho que ele se prontificou a tirar.

Acrescenta a lenda que o leão solto daquele empecilho em vez de o devorar, sentindo o bem que lhe fora feito, a partir daquele momento permaneceu sempre perto do seu benfeitor.

Temos assim - e porque a História absorve muitas lendas - estas duas em que, no caso de S.Marcos, o leão representa a força do homem posta ao serviço dos seus iguais, ao passo que em S. Jerónimo, representa a fraqueza perante a robustez daquele caminhante que se apiedou do seu estado de saúde, ao mesmo tempo que simboliza a fé que S. Jerónimo manifestou, não tendo medo de uma força natural maior que a dele.

A Fé é isto que consegue na alma do homem.

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