Isto é texto que se apresente?

Impante na sua fortaleza de vigia e ponto de vista dos homens do mar, 

o farol resiste ás mais alterosas ondas do mar encapelado.

A legenda do rodapé da foto fez-me lembrar esta afirmação que vem escrita numa das 134 páginas do Projecto de Programa Eleitoral do Partido Socialista, de 20 de Maio de 2015, no Cap. IV (Um Estado forte, inteligente e moderno). Numa das alíneas do ponto 1.5 lê-se o seguinte:

O PS defende a garantia da protecção e defesa do titular de cargos políticos ou públicos contra a utilização abusiva de meios judiciais e de mecanismos de responsabilização como forma de pressão ou condicionamento.

Porque motivo a legenda do farol me fez lembrar o PS?

• Porque - tal como o farol que é uma defesa - o PS defende e assume-se como garantia da protecção...
• Mas protecção de quem?
• Da minha, enquanto cidadão comum? - Não senhor, mas do titular de cargos políticos ou públicos...
• Porque se esquecem de me proteger a mim que sou povo?
• Porque mistério é que só os titulares de altos cargos - políticos ou públicos - é que merecem protecção?
• Mistério não é? - mas talvez não seja, porque fica dito a favor de quem é que o PS quer ser protecção de defesa.
• Contra a utilização abusiva de meios judiciais... e o resto, basta ler.

É que lendo, sobretudo a parte final nem se acredita no que lemos.

Até dá a impressão que não estamos em Democracia - com a separação de poderes judicial e executivo - e vivemos em ditadura, sendo, portanto, necessário defender os cidadãos de um qualquer abuso de poder, mas no caso estranho e incompreensível do texto, apenas alguns bem determinados.

Eu dou um conselho ao PS.

Retirem este pedaço de prosa quanto antes e lembrem-se: 

• O farol da foto é forte - como o PS se quer apresentar perante o eleitorado, da forma como o faz - mas o mar não deixa de o salpicar e, por isso, o PS se não se redime, vai sair salpicado.

Isto é texto que se apresente?
Ou traz água no bico, como diz o povo?
Bem sei que é um Projecto para debate, mas é incrível como pode passar pela mente de quem escreveu este "mimo" de prosa bárbara que vem sonante no ponto 1.5 e, como foi possível que António Costa deixasse passar esta barbaridade.

A ficar assim e com o PS a ganhar as próximas eleições, o poder judicial tem que ter juízo... nada de utilização abusiva...