Se a pintura do "Stabat Mater" é o testemunho doloroso das dores de Maria, apresentada de pé junto à Cruz ao ver o Filho morto, o formidável conjunto escultórico de Miguel Ângelo, que o intitulou "Pietá" é o momento da Paz e Aceitação da Mãe do destino que estava traçado por Deus para Jesus, desde a primeira aurora dos tempos.
Olhando com a serenidade que tal escultura impõe, vemos Maria tranquila e admiramos o gesto gentil do seu braço esquerdo amparando o Filho morto, como se ali no mármore frio repetisse o gesto com que O embalou na sua meninice na casa de Nazaré, tornando tudo muito belo, onde não falta a beleza do seu manto que lhe cai da cabeça inclinada numa meditação profunda e, onde, o rosto de uma beleza excepcional - que já se disse que como aquele não há outro esculpido sobre a face da Terra - tendo vencido o sofrimento apresenta a quietude da santidade maior que faz dela e do Mistério da sua vida, algo cujo entendimento racional nos escapa, porque tudo o que lhe aconteceu e ao Filho, só é entendível à Luz da Fé.
Pietà, de Miguel Ângelo (1499)
em mármore, cerca de 2 metros de
altura por 1,50 metros de largura.
Basílica de São Pedro
O excepcional escultor - e pintor - que foi Miguel Ângelo tinha 23 anos quando fez esta obra maior para a qual foi contratado, tendo assinado que teria de realizar naquele evento a mais bela escultura de todas quantas as que haviam sido esculpidas em Roma, condição que o não assustou, dada a confiança que tinha na sua arte.
Dois anos depois, no local onde a podemos ver a "Pietá" foi apresentada na Basílica de São Pedro, sendo desde logo considerara uma escultura bela e grandiosa, ultrapassando na finura do traço e na beleza das expressões faciais e corporais a dos antigos mestres gregos e romanos, sob cuja bitola eram medidas todas as obras escultóricas.
Conta-se que de deve a Miguel Ângelo a frase da sua obra retratar uma “visão religiosa de abandono e o rosto sereno
do Filho”.
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