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sábado, 13 de janeiro de 2018

Uma lembrança de Nino Salvaneschi


Nino Salvaneschi, viveu cego os últimos dez anos da sua vida e foi nesse estádio vivencial que escreveu algumas das suas obras, entre elas,  SABER CRER, um livro magnífico que reflecte em cada página um momento de abertura da sua alma aos homens, seus irmãos, e é quando fala dos caminhos que cada um é chamado a percorrer no cumprimento do destino, que se expressa deste modo:

Não me julgues mais afortunado do que tu
por haver descoberto um pequeno atalho...

E isto bastou para numa rendida homenagem ao escritor, pela verdade e sinceridade do que ele quis transmitir tenha escrito assim:

Estas palavras são para nós um aviso,
para que não mostremos orgulho de termos descoberto
o atalho que nos ajudou a encontrar o caminho.
É que se agirmos assim, aqueles que nos pedem ajuda
sentem maltratada a auto-estima, que é um bem humano
que não morre nunca no homem
por maiores que sejam os desaires da jornada.

Há, por isso, que ter cuidado.

E assim, ao estender a mão àquele que encontramos
à beira do caminho, há que indicar-lhe, com amor,
o pequeno atalho... aquele, precisamente,
que nos serviu, num certo dia,
porque sendo o homem caminheiro de todos os caminhos
está sujeito a perder-se...

Pois, quantas vezes, acontece,
que aqueles, que estão hoje na mó de cima
são os próximos que hão-de ficar à beira do caminho
à espera da mão estendida a indicar a rota perdida
nas muitas sombras da vida!


Por fim, que nos fique como exemplo esta sua afirmação a que ele chamou - BREVIÁRIO DE FELICIDADE - cheia de uma humanidade rara, onde o alto espírito do escritor italiano deixou a marca indelével do ser especial que ele foi.

Muitos homens são obrigados a abrir os olhos para ver.
Devo confessar-me que nunca mais vi tão bem desde que fiquei cego. E só agora percebi que muita felicidade humana reside ao ver tudo bem.

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