Canta António Menano
Passarinho da ribeira
Não sejas meu inimigo
Empresta-me as tuas asas.
Quero ir voar contigo.
Ao longe cortando o espaço
Vem um bando de andorinhas
Que te levam um abraço
E muitas saudades minhas
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O Doutor António Menano, natural de Fornos de Algodres - terra a que me prende uma das minhas velhas amizades - foi, possivelmente, depois de Augusto Hilário uma das vozes mais ouvidas e preponderantes da canção de Coimbra, como este "Passarinho da Ribeira" cuja letra de fino recorte literário e de não menos inspiração poética é das mais belas composições que se fizeram para serem cantadas aos serões ou nas reuniões académicas onde as guitarras e as vozes ganhavam maviosidades que ficaram para sempre.
Alguém me disse em tempos que já lá vão - e que não voltam mais - que aquele "passarinho da ribeira" cantado pelo famoso cantor António Menano, não era uma ave canora, mas uma letra dedicada em honra duma tricana das muitas que enchiam de beleza feminina as ruas de Coimbra - muitas delas lavadeiras das margens do rio Mondego - e que naquele eram a causa de muitas serenatas que a estudantada lhes cantava, de rua em rua, pela noites luarentas.
E deu-me esta velha gravura que guardei e aqui reproduzo em sua homenagem póstuma.
Revista "O Occidente" de 1 de Maio de 1879
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Deus sabe se o meu amigo tinha razão.
Mas estes "passarinhos" podem ou não ser os cantados há muitas dezenas de anos pelo famoso cantor de Coimbra, mas foram no tempo devido nas margens do rio Mondego - ou fora delas - sons e modos de viver que inspiraram poetas e cantores.
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