Fac-símile do poema publicado pelo Jornal "Azulejos" de 4 de Novembro de 1907
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Este poema, cujo autor não deixou - que eu conheça o seu nome no meio literário nacional do século XX - é, contudo, um madrigal na verdadeira acepção do termo, pelo sentimento lisonjeiro, terno e amoroso em que o Poeta exprime de um modo veemente o seu amor a uma trança negra ou nega trança da feliz SENHORA que recebeu a graça de saber que um terno amor de poeta / não é um simples amor...
Perguntarão, possivelmente, os que lerem estes conceitos, da razão que me levou a fazê-los e eu responderei que a tanto me senti obrigado pela beleza rítmica da composição, filha dilecta de um tempo em que o modernismo se fez sentir em Portugal através de Fernando Pessoa e do seu heterónimo Alberto Caeiro, onde o bucolismo influenciou gerações, como a do autor deste poema SENHORA, que é um hino de amor todo doirade sol, para nunca ser - como ele afirma - uma c´rôa d´abrolhos / O amor dos meus afectos.
Porque o amor simples, terno e dedicado assim devia continuara a ser, ao invés de um sentimento do tempo que passa - a que se dá o mesmo nome de amor - mas é, desvirtuado nas suas raízes mais belas pela ligeireza como ele se deixa prender às armadilhas de um mundo que perdeu algo que tem a beleza do amor puro em que se afirma, como diz Arthur C. d'Oliveira: Embora me queirais muito / Quero-vos mais que me qu'ereis.
É, pois, neste sentimento nobre que se dispõe a dar mais que a receber que a Humanidade, um dia, tem de voltar a acreditar e viver assim, em conformidade com este conceito espiritual, hoje desprezado em tantas mentes
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