Fac-simile da revista "Azulejos" de 2 de Dezembro de 1907
Este bem conhecido soneto de Camilo Castelo Branco, foi escrito em 1890, um tempo antes do médico oftalmologista Edmundo de Magalhães Machado se ter deslocado de Aveiro à sua casa de S. Miguel de Seide e ter reconhecido que nada podia fazer para devolver a vista ao grande escritor.
Segundo o relato que chegou até nós, no espaço de tempo que mediou o acompanhamento de Ana Plácido à porta para se despedir do médico, ambos ouviram o disparo do tiro de revólver com que Camilo perfurou a cabeça, suicidando-se.
Amigos, cento e dez ou talvez mais... é assim que Camilo começa a desfiar o novelo das suas agruras - vendo-se a braços com a sua cegueira incurável - para culminar num grito de dor, dando conta que daqueles cento e dez, apenas um o visitara, para apelidar os restantes, os faltosos, de cento e nove impávidos marotos!
Foi assim que as cordas da sua lira os viu e a fez vibrar com acordes de lamento!
Foi assim que as cordas da sua lira os viu e a fez vibrar com acordes de lamento!
Que este desabafo sentido de Camilo Castelo Branco nos interpele a todos, e ao pensar nele que o seu eco tenha deixado o seu som nas almas dos nossos amigos, para que, se um dia nos forem precisos não nos faltem, porque como diz o povo - é nas doenças e nas prisões que se conhecem os amigos - precisamente, os que faltaram a visita a S. Miguel de Seide, no momento em que as suas faltas amarguram os últimos dias do escritor, dos mais intensos, produtivos e dos mais puros da Língua Portuguesa do século XIX.
Tive ontem o enorme prazer de visitar a casa de Camilo ! Este soneto está lá , uma replica do original , mas a letra é do Camilo.
ResponderEliminarRecomendo vivamente a sentir o ambiente onde ele viveu , juntamente com o seu amor de perdição ,Ana Placido e seus 2 filhos .
Uma verdade Camilo tinha razão.
ResponderEliminarCamilo. de forma simples, deixa este soneto, que me parece o ter sentido nos dias que correm.
ResponderEliminarMuito obrigado, Camilo.
Z.M.