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domingo, 28 de maio de 2017

10 de Junho de 1944 - Uma data no percurso da minha vida


O jogo de futebol a realizar hoje no Estádio Nacional entre o Sport Lisboa e Benfica e o Vitória Sport Clube (de Guimarães), onde disputam a final da Taça de Portugal, fez-me vir à lembrança o dia 10 de Junho de 1944, dia que assinala a inauguração oficial daquele magnífico Estádio, obra do Estado Novo, nascido sob a égide de António de Oliveira Salazar e que teve no seu malogrado Ministro das Obras Públicas, Eng. Duarte Pacheco o impulsionador da ideia.


Naquele dia - eu, um ingénuo "lusito" da Mocidade Portuguesa - por força da lei que me obrigava e à minha velha Escola Primária, então existente na Rua do Vale Formoso de Baixo, em Lisboa, entrei garboso pela Porta da Maratona na companhia de 3.600 rapazes, começando por encher em rodeio a pista de atletismo, um equipamento desportivo que os modernos Estádios de futebol deixaram de ter, porque o rei é esta modalidade...

Coisas de um tempo padrasto em que se dá mais valor ao pontapé na  bola que ao desporto físico autêntico que é o atletismo que vem dos tempos da velha cidade grega de Maratona.

Foi um dia grande para a minha ingenuidade.

Só mais tarde tive consciência de ter sido usado pelo Estado Novo para ajudar àquela festa e do modo como fui aliciado, mas apesar de tudo isso, não posso esquecer aquele dia em que me senti uma pessoa "importante", ouvindo as ovações que vinham das bancadas repletas de gente alinhada com Salazar e a sua política, estando ali - só Deus sabe - quantas pessoas contrariadas temendo pelas represálias, tanto como eu, que no recreio da minha Escola Primária nunca faltei quando havia lições da MP.

Depois deste reflexão, veio-me ao pensamento o seguinte:

Porque razão o Estado Novo começava por fazer por imposição seus lacaios os rapazes da minha idade e, porque razão, apenas com a diferença de não haver imposição e só na adolescência, quase a raiar a idade adulta, os Partidos Políticos gostam de alinhar ao seu ideário as chamadas "juventudes partidárias"?

Eu sei que a similitude é um absurdo defendê-la, mas sei que existe, hoje, nos Partidos políticos um desejo de alinhar a juventude a ideias concebidas por uma cartilha que respeite o seu ideário, tal como no Estado Novo existiu o desejo de chamar à sua cartilha, os "lusitos, (7 aos 10 anos) os  "infantes" (10 aos 14 anos) os "Vanguardistas (14 aos 17 anos) e os  "cadetes" (17 aos 25 anos).

Será que os Partidos políticos que temos em Democracia foram beber aos ditames da Mocidade Portuguesa?

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