Foi-se a seiva.
Foi-se o verde da folhagem.
Foi-se o chilrear dos pardais que antigamente se acolhiam debaixo da sua folhagem.
Mas os dois troncos que haviam formado uma só árvore que deu frutos nos ramos agora secos e sombra aos caminhantes não perderam o abraço que os uniu.
A imagem vegetal desta figura é uma alegoria, enquanto é, pela sua postura, agora decadente, um exemplo pela lição profunda que uma Natureza inanimada do reino vegetal dá a muitos casais humanos desunidos à primeira borrasca, não deixando ser - com profundo e belo sentido - um exemplo e homenagem a todos os que, passado o vigor da mocidade que os uniu, assim continuam, já depois de terem perdido o fulgor vital, como se dissessem um para o outro o título do poema de Saúl Dias:
Nunca Envelhecerás
A tua cabeleira
é já grisalha ou
mesmo branca?
Para mim é toda loira
e circundada de
estrelas.
Sobre ela
o tempo não poisou
o inverno dos anos
que se escoam
maldosos
insinuando rugas,
fios brancos...
...................................................
Pétalas esguias
emolduram-te os
dedos...
E revoadas de aves
traçam ao teu redor
volutas de primavera.
Nunca envelhecerás na
minha lembrança!...
in "Sangue"
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