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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Amigos.


 

Os homens compram tudo pronto nas lojas... Mas como não há lojas de amigos, os homens não têm amigos. 
Saint-Exupéry , Antoine de  

 

Ao fazer a paráfrase desta frase de Saint-Exupéry vem-me ao pensamento um velho conceito de S. Tiago, o Orago da terra que me serviu de berço – Praçais - e que na sua imensa profundidade nos diz: Amizade ao mundo é inimizade com Deus. (Tg 4, 4)

Os homens que compram tudo nas lojas – e tudo pronto, perfeito e acabado – nem se dão conta que os objectos que adquirem se não tiverem a carga espiritual que preenche a dignidade primária enquanto necessidade para o desempenho da vida, são amizade ao mundo frívolo que satisfaz vontades, mas inimizade com Deus que nos manda adquirir outros tesouros, com são os que se prendem com a amizade que deve ser dada aos homens e não ao mundo concreto onde estes se cruzam.

Que não aconteça, pois, que pelo facto de no mundo não haver lojas de amigos nos esqueçamos de os alcançar, até porque, se cumprirmos com a honra e o dever que se impõem à nossa consciência de pessoas compenetradas da missão que nos cabe cumprir no mundo, obtemos, com a singularidade de o fazermos de graça – como mercê de Deus -  todos os amigos que quisermos e, assim, contrariarmos a conclusão do pensamento de Sait-Exupéry, que é, convenhamos, algo que é preciso fazer no tempo que passa, sobretudo, agora, em que uma crise de valores – espirituais e materiais – parece querer afundar o mundo dos homens.

Se levarmos até ao séc. 4 a.C., o nosso pensamento recordemos Séneca, que a propósito dos homens que compram tudo mas não podem comprar a amizade por ser um “produto” que não tem cotação comercial, mas porque o velho filósofo entendia como muito valioso aquele sentimento, nos diz: que nunca a fortuna põe um homem em tal altura que não precise de um amigo, razão evidente que deve lançar o nosso entendimento para a conquista da amizade, não às frivolidades do tempo que passa – no dizer de S. Tiago – mas àquelas que se fundam no assento espiritual de um mundo concertado e que Deus sonhou plasmar entre o convívio dos homens.

A amizade não é, pois, uma utopia sem sentido, porquanto, deve respeitar o sentido expresso na célebre canção, para citarmos algo que aconteceu bem perto de nós:

 
Amigos para sempre é o que nós iremos ser.
Na Primavera ou em qualquer das estações,
Nas horas tristes, nos momentos de prazer.
Amigos para sempre!

 
Em 1992, este foi um grito de alma – que a amizade por ser, possivelmente, o mais genuíno dos sentimentos humanos -  levou Sarah Brightman e José Carreras a cantar desta maneira no encerramento dos Jogos Olímpicos de Barcelona, deixando ao mundo um alvitre sonoro e vibrante para que a amizade reinasse em qualquer das estações e não só na Primavera, quando o mundo se enche de flores.

Eis, porque, é preciso e urgente, porque - não há lojas de amigos – saber que, apesar disso, existem espantosas lojas  de dons espirituais onde se podem “comprar” as fantásticas sementes da amizade que fica para sempre.

Amigos para sempre!      

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