Gravura publicada pelo Jornal "A Paródia" de 8 de Agosto de 1900
Seguir a "passo de caranguejo" na gíria popular quer dizer: "andar para trás", enquanto nos meios intelectuais é tido como "saltar para trás para ir para frente", referindo um olhar interrogador sobre a História, com o sentido de chegar à frente, ultrapassando os traumas vividos e volver para o futuro o olhar interrogador.
Em Portugal não temos agido assim.
Em Portugal não temos agido assim.
Olhemos o passado onde andamos a "passo de caranguejo".
Desde o final do séc. XIX - para não ir mais longe - a economia portuguesa foi sempre das mais atrasadas do espaço europeu.
Desde o final do séc. XIX - para não ir mais longe - a economia portuguesa foi sempre das mais atrasadas do espaço europeu.
O início do séc. XX, embora a braços com a bancarrota de 1892, - cuja dívida só acabámos de pagar em 2001 - é, contudo, recebido com desejo de mudança de vida, mas de pouca duração. Com a queda da Monarquia em 5 de Outubro de 1910, sucedeu o período conturbado que durou até 1926, caracterizado por instabilidade política, económica, financeira e social, a que se seguiu a Ditadura Militar até 1933.
Seguiu-se, como se sabe, a Ditadura civil - apadrinhada pelos militares - que durou até à queda do Prof. Marcelo Caetano em 25 de Abril de 1974.
Neste longo período, porque andamos a "passo de caranguejo" não soubemos criar nem o presente, nem o futuro, porque nunca nos termos chegado à frente...
Mas, depois da Revolução de Abril, também não.
Entretivemo-nos com tricas e embalamo-las com canções de protesto, algumas delas, bem bonitas e, assim, em vez de termos estugado o passo satisfizemo-nos com canções como a dos Vampiros de Zeca Afonso - eles comem tudo, eles comem tudo / eles comem tudo e não deixam nada - sem nos darmos conta que os novos Vampiros iam fazer o que haviam feito os antigos... mas agora a coberto de um País novo que se queria regenerar, algo que os novos Vampiros - sedentos de prebendas - não deixaram.
Continuámos, assim, com o pendor doentio de andar para trás... ilusoriamente andando para a frente a construir autoestradas, estádios de futebol, a inventar associações, fundações, etc,. e, alegremente a assobiar para o lado, a ver intervencionar bancos afundados, como o BPN - cuja solvência competia aos seus accionistas - e, só, levados em mais uma ilusão de riqueza é que andamos em marcha acelerada, quando o passo, há muito tempo continuava a ser para trás, onde deixámos até hoje, por fazer a Reforma do Estado, especialmente nos campos da Educação e da Justiça, o que, especialmente aqui, levou a desinvestir-se em Portugal - com o CAPITAL a fugir - como a velha gravura ilustra acertadamente, como se o seu criador, mestre Bordalo, tivesse renascido e nos brindasse com o renascimento do seu velho - e actual - boneco do caranguejo a andar para trás...
Como é possível que passado mais dum século, estejamos na mesma no que concerne ao espectáculo deprimente de andarmos de chapéu na mão e de mão estendida?
Culpa de quem?
É só pensar e sentir...
E é, por pensar e sentir, que sem pedir licença - entendo eu - é preciso modificar o belo estribilho da não menos bela canção do saudoso Zeca Afonso:
Perdão... não é bem assim: deixaram-nos endividados!
Mas, depois da Revolução de Abril, também não.
Entretivemo-nos com tricas e embalamo-las com canções de protesto, algumas delas, bem bonitas e, assim, em vez de termos estugado o passo satisfizemo-nos com canções como a dos Vampiros de Zeca Afonso - eles comem tudo, eles comem tudo / eles comem tudo e não deixam nada - sem nos darmos conta que os novos Vampiros iam fazer o que haviam feito os antigos... mas agora a coberto de um País novo que se queria regenerar, algo que os novos Vampiros - sedentos de prebendas - não deixaram.
Continuámos, assim, com o pendor doentio de andar para trás... ilusoriamente andando para a frente a construir autoestradas, estádios de futebol, a inventar associações, fundações, etc,. e, alegremente a assobiar para o lado, a ver intervencionar bancos afundados, como o BPN - cuja solvência competia aos seus accionistas - e, só, levados em mais uma ilusão de riqueza é que andamos em marcha acelerada, quando o passo, há muito tempo continuava a ser para trás, onde deixámos até hoje, por fazer a Reforma do Estado, especialmente nos campos da Educação e da Justiça, o que, especialmente aqui, levou a desinvestir-se em Portugal - com o CAPITAL a fugir - como a velha gravura ilustra acertadamente, como se o seu criador, mestre Bordalo, tivesse renascido e nos brindasse com o renascimento do seu velho - e actual - boneco do caranguejo a andar para trás...
Como é possível que passado mais dum século, estejamos na mesma no que concerne ao espectáculo deprimente de andarmos de chapéu na mão e de mão estendida?
Culpa de quem?
É só pensar e sentir...
E é, por pensar e sentir, que sem pedir licença - entendo eu - é preciso modificar o belo estribilho da não menos bela canção do saudoso Zeca Afonso:
Eles comeram tudo, eles comeram tudo
eles comeram tudo, não deixaram nada...
Perdão... não é bem assim: deixaram-nos endividados!
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