Gravura publicada pelo Jornal "O António Maria" de 6 de Janeiro de 1881
Mais uma vez me sirvo desta velha gravura pela sua infeliz actualidade.
Ora, vejamos. Comecemos por a situar pelo no motivo que a levou a ser criada, fixando-nos no devido tempo histórico.
Estes homens compenetrados da sua função guardadora e respeitadora da Constituição em vigor na época em que Rafael Bordalo Pinheiro criou esta famosa gravura, prefiguraram no século XIX, os velhos egípcios que adoravam o boi Àpis - considerado um deus - um motivo que levou o famoso caricaturista a prefigurar a Constituição da época como se ela fosse um novo "boi Ápis".
Diz a História que no velho Egipto este famoso boi foi morto por Cambises, tendo acabado com a adoração a este falso deus, bem ao contrário do que acontece, hoje, entre nós - com a diferença de ninguém quer ferir de morte a Constituição da República.- mas dar-lhes os retoques necessários para a adaptar aos tempo novo que vivemos.
Na gravura que reproduzimos o povo, de joelhos implora a revisão da Constituição mas esta, altaneira, com o seu defensor a ser levado em ombros, não se comoveu.
Hoje acontece o mesmo.
Há defensores iguais, com a diferença que não são levados em ombros mas levam ao ombros a Constituição, defendendo-a com "unhas e dentes", como faz o PS e os outros que se sentam à sua esquerda.
Passos Coelho pode ter todos os defeitos políticos, mas desde a sua tomada de posse de Primeiro Ministro do XIX Governo Constitucional em 21 de Junho de 2011, que defendeu - defende, penso - a revisão da Constituição, tornando-se assim, por ver longe, um homem com visão de Estado, ao contrários dos "pigmeus" arregimentados e colados à defesa do "boi Ápis", que como se tem visto é um estorvo ao desenvolvimento de Portugal, pelo seu pendor marxista.
O apego de Passos Coelho à necessidade de rever a Constituição aconteceu materializado no dia 13 de Setembro de 2010 ao receber a entrega simbólica da revisão que havia encomendado a uma equipa da sua responsabilidade para a submeter aos órgãos dos seu Partido para aprovação (Comissão Permanente e Comissão Política Nacional), para em consequência a entregar ao respectivo grupo parlamentar e comunicação social.
Era e ficou um ante-projecto.
Logo se percebeu que os palafreneiros - porque queriam levar aos ombros o "boi Ápis" - ergueram o andor e mostraram que aquilo era matéria "sagrada".
Nem mesmo, como noticiou a "Lusa" em Dezembro de 2011, ao advogar a intromissão da chamada "regra de ouro" sobre o limite ao défice, foi ouvido pelo PS, onde a teimosia de António José Seguro, fez "lei", porque isso obrigava a mexer no "boi Ápis" e não podia ser!
Mesmo assim, ainda disse: "Eu penso que historicamente temos a obrigação de chegar a um entendimento sobre isto".
Não vai, não, antes que caia "o Carmo e a Trindade"!
E não vai conseguir porque o "boi Ápis" é "sagrado" para os "socialistas" o que não admira, porque são adeptos "laicistas" desse estranho e infecundo poder.
E não vai conseguir porque o "boi Ápis" é "sagrado" para os "socialistas" o que não admira, porque são adeptos "laicistas" desse estranho e infecundo poder.
Não desarmou, porém, Passos Coelho.
Em 30 de Outubro de 2012, de acordo com a "Lusa/Sol" afirmou - a contemporizar - que a revisão não era uma pré condição para a reforma do Estado.
«Não quero estar nesta altura a chegar às conclusões, antes de ter feito a discussão com o PS. Não é impossível que tenhamos de rever alguns aspectos da Constituição para esse efeito, mas não é uma pré-condição»
E, depois, manifestou algumas esperanças de que o PS se
tornasse disponível, chamando a atenção que o PSD e o CDS se mostraram
disponíveis para realizar os objectivos do "Memorando" assinado, pelo
PS em nome da República Portuguesa.
«Não quero estar nesta altura a chegar às conclusões, antes de ter feito a discussão com o PS. Não é impossível que tenhamos de rever alguns aspectos da Constituição para esse efeito, mas não é uma pré-condição»
«Se chegarmos, em conjunto, à conclusão de que há um ou
outro aspecto da Constituição que mereça ser revisto para garantir que este
compromisso - que, no fundo, foi o compromisso fundador do nosso memorando -,
evidentemente que não vou dizer que isso não se vai fazer, mas não é uma
pré-condição».
Vamos a ver o que vai acontecer agora com o Orçamento de
Estado para 2014.
Todos sabemos que é, nalguns pontos, difícil de passar
constitucionalmente, pela simples razão que a Constituição que temos está fora
do tempo, não por culpa dos Juízes, mas por culpa política de um PS que costuma
acordar tarde, agarrado como anda, no seu sector marxista a tempos que já
passaram.
Quando é que o PS acorda para o tempo novo, como fizeram os
políticos, na Irlanda?
Quando será?
Quando será que António José Seguro mandas às malvas os
conselhos de Mário Soares, Manuel Alegre e outros?
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