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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A Verdade do Erro


 

Muitos homens cometem o erro de substituir o conhecimento pela afirmação de que é verdade aquilo que desejam.
 (Bertrand Russell)

 

Podemos estar a viver em Portugal um momento precioso se todos os agentes políticos entenderem – os que estão no poder e na oposição consciente - que nos erros de hoje e nos anteriormente cometidos, houve verdades assumidas enquanto projectos de  beneficiação de toda a ordem naquilo que  desejaram tendo como destinatários o povo, ainda que tenham conduzido Portugal ao porto inseguro onde hoje estamos.

Se levarmos na devida conta a frase do eminente pensador e politico que foi Bertrand Russell, concluímos que o que aconteceu entre nós com o advento da Revolução de 74 – a partir da vintena seguinte - foi uma grande falta de conhecimento da realidade de um mundo que não cessou de girar à nossa volta e foi, como se a roda do tempo tivesse parado no constante eixo da História.

Pessoalmente não acredito que o atoleiro a que chegámos aconteceu por uma maldade qualquer dos homens que nos governaram, mas sim, porque  em cima dos erros que cometeram deixaram impressas as verdades naquilo que desejaram, mas muito para além dos limites duma economia que se foi esbatendo.

Há que ter isto presente, muito mais que as guerrilhas parlamentares a que assistimos e, em que parece, que os erros cometidos se querem esquecer, quando devia ser a partir deles que se deviam ganhar conhecimentos sociais e políticos, para em vez da guerra se ganhar o País que é preciso reconstruir desde os alicerces mais frágeis, como são todos aqueles em que se fundam numa parte da sociedade empobrecida.

De uma vez para sempre que a verdade do desejo que pode ser legítima nos seus contornos da modernidade da sociedade, ceda lugar ao conhecimento do que é possível atingir, tal como acontece na gerência equilibrada de cada família, pois só assim é possível caminhar e progredir.

Se é verdade que os Estados se podem endividar para cumprirem os avanços sociais que são conquistas do homem dando-lhe mais conforto de vida em todos os bens que tem ao dispor, este desejo – embora legítimo – deve ser prejudicado quando as condições naturais e económicas não satisfazem as dívidas contraídas.

É nisto que está o conhecimento, ou seja, a realidade do que é possível alcançar, para que a verdade que acompanha o desejo possa ser cumprida.

E é isto, precisamente, o que tem faltado, não só no governo anterior, como noutros que o antecederam – e no actual - razão porque, embarcados como estamos no mesmo barco há que fazer um esforço para alicerçar de novo as raízes que deixamos estiolar, não por uma qualquer perversidade calculada, mas sim, porque desejámos para além do que podíamos alcançar, dada a fragilidade económica em que nos afundamos.

A hora que vivemos exige conhecimento, serenidade e não a disputa do poder a qualquer preço. Na bancarrota de 1892 aconteceu que aqueles que perderam o poder o quiseram reaver a qualquer preço, algo de que o País não beneficiou, razão, porque, não podemos repetir no mesmo palco – a que hoje chamamos Assembleia da República – o que, então, levou homens que queriam colmatar as brechas, a deixar cair os braços.

A ver vamos o que vai acontecer, mas que não aconteça que alguns homens – ou muitos – cometam o erro de substituir o conhecimento pela afirmação de que é verdade aquilo que desejam quando se fundam na verdade em que acreditam, mas impensadamente,  no erro que está sempre à espreita, ou seja, na verdade do erro.

Conhecimento, eis o que se impõe, aos homens públicos.

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