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sábado, 19 de maio de 2018

O meu "Niágara" pequenino!





O meu "Niágara" pequenino fica na minha aldeia serrana onde estive há dias e onde tive o ensejo de captar estas belas imagens demonstrativas que a força da corrente da Ribeira onde ele se despenha num turbilhão cantante de águas límpidas num poço profundo e depois se alarga numa piscina natural que tem servido centenas de gerações, local onde muitos dos meus conterrâneos deram as primeiras braçadas e outros, mais experientes ou mais ousados se lançaram do cimo da penedia escarpada para o fundo das águas do Poço que no Verão, aquietadas, são um encanto pela quietude da corrente e pela moldura campestre dos montes.

Adorei o momento recente que vivi ali, contente pela indiferença das águas da Ribeira, correndo puras e frescas perante a secura dos montes que o incêndio do dia 15 de Outubro de 2017 tornaram cinzentos, embora aqui e ali, aflorem algumas manchas verdes, como se a Natureza me quisesse dizer que nenhum incêndio por maior que seja a pode matar de vez, porque ela teima sempre em renascer das cinzas.

E alegrei-me e ali mesmo dei graças a Deus por, apesar dos anos que vão pesando, ter tido a graça de voltar àquele lugar paradisíaco que começou por encantar a minha adolescência, sempre que nas "férias grandes" demandava a casa da minha avó e, hoje, na minha velhice me continua a encantar.

Por fim, o que ficou deste idílio - do meu namoro perfeito com aquele local - tendo nos meus ouvidos, perfeitamente, ante o silêncio envolvente, o som das águas a quebrarem-se ao nível da muralha e como se fervessem na queda, caírem de cachão borbulhante no Poço, dei comigo a pensar como foi possível que os arredores da minha aldeia - e ela mesma, dentro de si mesma - tenham sido deixados ao abandono para serem pasto de um fogo que só parou onde faltaram manchas verdes.

Para quando o interior de Portugal será parte integrante do seu todo e, em consequência, deva merecer as atenções que merece?
O meu "Niágara" pequenino lá está a reclamar essa atenção!
Só que o barulho das suas águas não chega para acordar as consciências de quem podia e devia agir e isto que escrevo morre por aqui.
Eu sei. Mas fica o meu reparo.

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