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sábado, 28 de abril de 2018

"O Mistério do EU"

Capa do Livro (adaptada)


Pela graça de Deus conheço o autor deste Livro de reflexões de um cristianismo apostólico romano fundado na Verdade que os Apóstolos de Jesus testemunharam, tendo-nos deixado como acervo espiritual as suas vivências com Jesus pelos caminhos da Judeia e que a Bíblia recolheu para ensino e Glória do Deus Eterno.

Quis o meu amigo ofertar-me este Livro, ao qual, significativamente, deu o título: ENCONTRO NO CAMINHO DA VIDA, deixando-me a pensar que ele traz "escondido" em todos os caminhos que são propostos ao longo das suas páginas, modos diversos de como é possível ao homem, num dia qualquer marcar um ENCONTRO com Jesus que o espreita, sobretudo, quando nos seus caminhos surgem as silvas e os cardos para o ajudar a mudar de vida, centrando-se n'Ele que de Si mesmo disse: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida".

Na página 148 aparece um tema a que o autor chamou: "O mistério do EU", como parte subordinada ao cap. "A VIDA ONDE DEUS SE SABOREIA" e do qual transcrevo o seguinte trecho: 

"É recorrente fazer.se um juízo apriorista (consequentemente precipitado), sobre as filosofias do tempo que, qual borboleta, saltitam de novidade em novidade, qual delas a mais absoluta, radical e conclusiva, (na ênfase que lhe dão os seus palradores), e esquecer-se de fazer uma sapiente reflexão analisando os princípios enformadores e dinamizadores dessas mesmas filosofias.
Se alguma vez enveredássemos por esse processo de análise, veríamos quão ilógicas e fúteis são as conclusões que nos propõem como "verdades", tão indiscutíveis (no conceito de quem as articula)  que - dizem - só um néscio ousaria pô-las em questão.
O problema real não deverá, por consequência, pôr-se quanto às conclusões, discernidas com linear clareza, mas quanto aos princípios ou, melhor dito, ao princípio a partir do qual se formulam.
Se recuarmos à origem da formulação, concluiremos que tudo o que nos vem sendo proposto pelo tempo e a modernidade, terá que ser visto como redundante mentira, porque emerge de uma falsidade que vicia todo o edifício retórico em que se organiza a reflexão. A lógica perde-se porque não radica na verdade.
Tudo se joga, ao fim e ao cabo, na oposição entre temporalidade ou eternidade, acaso ou projecto, finitude ou linear  viabilização do MAIS, numa palavra, o nada ou Deus.

Lendo este tema com a profundidade analítica que ele sugere -  foi para isso que o autor o escreveu - o homem não pode, de modo algum, para salvar a sua apelidada e sustentada coerência do raciocínio, esquecer-se da sua finitude temporal e inconsequente do ponto de vista metafísico, concluindo as suas teses e impondo-as à revelia de Deus.

Fiquei a pensar maduramente nisto, para concluir que o homem quando arroga para si o direito de julgar a vida e as suas multifacetadas facetas que abarcam todos os campos do social e do religioso que o devia informar - como um dever moral e ético - está a colocar-se fora de um campo fundamental. aquele, precisamente, que o assinala no Mundo como um agente transformador - como Deus quer, aliás - para sem O ouvir na exegese bíblica que formula os conceitos inalteráveis, pondo-os em causa, sem ponderar que eles pertencem à parte incogniscível - pertença da divindade - e onde esbarra o seu conhecimento por muito profundo que ele seja.

Foi neste momento em que ante mim, depois desta leitura e de ter voltado atrás para a reler, voltei a dar comigo sobre aqueles homens, que diz o autor saltitam de "novidade em novidade, qual delas a mais absoluta, radical e conclusiva", para cair dentro de mim e no meu Mistério até a um tempo que não conheci - mas onde ocorreu a minha génese e, nela, eu já existia como um projecto acalentado por Deus para ser hoje a pessoas que sou - que o meu pensamento como e fosse um pardal voou de mim e foi pousar-se num texto de Pablo Neruda, que não sendo um crente na linha cristã de Jesus, disse esta coisa admirável:

Somos o Mistério

No fim desta época, como se toda a longa viagem tivesse sido inútil, volto a ficar sozinho nos territórios recém-descobertos. Como na crise do nascimento, como no começo alarmante e alarmado do terror metafísico donde brota o manancial dos meus primeiros versos, como num novo crepúsculo que a minha própria criação provocou, entro numa nova agonia e na segunda solidão. Para onde ir? Para onde regressar, conduzir, calar ou palpitar? Olho para todos os pontos da claridade e da obscuridade e não encontro senão o vazio que as minhas próprias mãos elaboraram com persistência fatal.
Mas o mais próximo, o mais fundamental, o mais extenso, o mais incalculável, não apareceria, afinal, senão neste momento no meu caminho. Tinha pensado em todos os mundos, mas não no homem. Tinha explorado com crueldade e agonia o coração do homem. Sem pensar nos homens, tinha visto cidades, mas cidades vazias.

É para que não hajam mais "cidades vazias" que aponta o Livro deste meu amigo, para que não andemos a pensar "em todos os mundos" - como Pablo Neruda - mas esquecidos que neles vivem homens à procura de Deus e para os quais as nossas opiniões têm de obedecer aos princípios da génese de onde todos nascemos, e sem saltitarmos de "novidade em novidade"  sentirmos que temos o dever de não apresentarmos ao Mundo as nossas filosofias, qual delas a mais absoluta, radical e conclusiva, como se elas, colocadas à revelia de Deus valessem a prosápia que lhe imprimimos.

Olhemos com atenção a capa deste LIvro.

À nossa frente - Jesus nunca vem atrás - ou caminha ao nosso lado ou vai à frente se nos vê a hesitar no caminho, leva a GRANDE CRUZ, que é assim para nos mostrar, como acontece que o homem que caminha atrás d'Ele,  levando uma cruz mais pequena é essa que Ele destinou a todos nós, na certeza que o ENCONTRO NO CAMINHO DA VIDA se faz assim, ou seja, "no mistério do Eu" com Aquele que nos deixou motivos de encontro em qualquer tempo ou lugar, pensando no homem, para que ele deixe de habitar "cidades vazias"  e as preencha com o estímulo do AMOR daquele Homem que era Deus e que levou - e continua a levar a GRANDE CRUZ -  para que a vejamos ao longe e sejamos dignos de alcançar e viver os princípios que ela advoga e, por isso, jamais deixemos que a nossa lógica se perca por não radicar na verdade, como argutamente diz o autor deste Livro, tendo em conta que "Tudo se joga, ao fim e ao cabo, na oposição entre temporalidade ou eternidade, acaso ou projecto, finitude ou linear  viabilização do MAIS, numa palavra, o nada ou Deus".

O nada ou Deus.

Sublinho isto, porque do nada, nada vem, e só de Deus é que tudo vem!

1 comentário:

  1. António de Vasconcelos Costa27 de maio de 2018 às 15:15

    Grato pelo acolhimento e pela profunda ressonância que emitiste, sinal claro de que o ENCONTRO aconteceu

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