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quarta-feira, 18 de abril de 2018

"Confissão!´" - Poema com MOTE de uma quadra do Conde de Monsaraz

Luís d'Ataide

Fac-símile do Jornal " A Canção de Portugal - O Fado" de 3 de Dezembro de 1906
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MOTE
Se vivo é só por amar-te,
e Deus sabe se te minto.
Quando tu partes eu sinto
que o coração se me parte.

Na singeleza desta quadra está  plasmado o estro do Conde de Monsaraz, de seu nome de baptismo António de Macedo Papança, beneficiário desse título nobiliárquico em obediência a um Decreto outorgado em 1890 pelo rei D, Carlos I de Portugal.

Advogado, político e Poeta este alentejano natural de Reguengos de Monsaraz, que vê nele, um lídimo expoente de um liberalismo patriótico, cuja génese foi beber à poesia de Cesário Verde o seu amor pela terra e pelos agentes do trabalho rural que soube enaltecer, como fez numa célebre poesia dedicada às "Moças de Bencatel", soube chamar para si a estética parnasiana neo-românticas que marcaram os fins do século XIX e de que a simples, mas bela quadra que serviu de mote à poesia "Confissão" que se publica é um exemplo que inspirou o jornalista e poeta Luís d'Ataide que acaba o seu poema, preso ao pendor romântico de quem o inspirou:

Oh, flor num jardim de flores,
sou Fausto, és Margarida.
sou Dante, és Beatriz querida,
és amor dos meus amores.
Dá-me as lágrimas, as dores,
dás-me tudo o que te farte
tudo que possa lembrar-te
tristezas, coisas nefastas,
pois sinto quando t’afastas
"que o coração se me parte"..

Não posso - nem devo - depois de ler todo o texto deste poeta-jornalista que no ano de 1906 mereceu a honra de ver o seu poema publicado no Jornal, onde trabalhava, "A Canção de Portugal - O Fado" que então se publicava, porque no seu todo, ele é uma demonstração do cunho poético que marcou, no tempo, toda uma geração de inspirados autores, como este, cujo nome me apraz lembrar por serem poetas assim que dão mais cor à existência dos homens comuns.

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