in, Revista "Serões" nº 2 Abril de 1901
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À Primavera
Agora que tu, Natureza
Te revestes e decoras
Só p’ra ver tanta beleza
Como são curtas as horas!
Sê bem-vinda Primavera.
Por ti, que és sempre um sonho
Valeu ficar à tua espera
Todo este tempo tristonho.
Tua graça bebe as neves
Lançadas p’lo campo fora;
E as horas voam mais breves
Quando as passo como agora.
Da vida o duro fadário
Que marca a vida da gente
É mais dócil... menos vário
Quando tu estás presente!
1952
Sempre assim foi em qualquer tempo ou lugar.
O espírito contemplativo do homem tem transportado, quer para a tela ou para a saudar no verso, a sua visão íntima
do aspecto que a Natureza descobre no período do seu renascimento intenso com que ela assinala todos os anos, alegremente, a entrada da Primavera, uma estação do ano a que não fugiu, quer a mitologia grega, quer a romana nos seus fecundos aspectos da criação de personagens sobrenaturais, tendo-os cercado de simbologia e ao venerá-los como deuses. semideuses e heróis que comandavam as força da Natureza, criou mitos apenas entendíveis na cultura em que foram criados e, por isso, nos fala da Primavera com o bem conhecido mito grego que relata a história infeliz da filha de Demeter, deusa da Terra.
Um dia, a formosa Cora colhia despreocupada flores nas planícies de Nisa tecendo grinaldas de rosas e lírios, quando Hermes no seu carro d’Ouro e de ferro, o poderoso deus dos Infernos veio raptá-la, levando sua mãe a percorrer a Terra em
dolorosa busca da filha desaparecida, até que a sua inconsolável tristeza
apiedou Júpiter o deuse dominador e absoluto que obrigou Hermes a trazer
de novo à Terra a formosa Cora.
Esta,
porém, imprudente, incorreu no desagrado de Júpiter que a condenou a voltar
para o esposo infernal; e desta alternada presença de Cora, na. Terra e no
Averno, resultava a sucessão das estações. A volta de Cora à Terra,
trazida por Hermes das profundezas misteriosas, onde refervia a lava dos vulcões, a luz vivificante do sol simbolizou a Primavera, o renascimento dos
campos fecundos.
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