A VERDADE E A PARÁBOLA
Um
dia, a verdade decidiu visitar os homens, sem roupas e sem adornos, tão nua
como o seu próprio nome. Todos os que a viam lhe viravam as costas, por
vergonha ou medo, e ninguém lhe dava as boas-vindas. Assim, a verdade percorria
os confins da terra, criticada, rejeitada e desprezada.
Uma tarde, muito
desconsolada e triste, a verdade encontrou a parábola, que passeava
alegremente, trajando um belo vestido e muito elegante.
—
Verdade, porque estás tão abatida? — perguntou a parábola.
—
Porque devo ser muito feia e antipática, já que as pessoas me evitam tanto! —
respondeu, amargurada, a verdade.
—
Que disparate! — disse a parábola sorrindo — Não é por isso que as pessoas te
evitam... Toma: veste algumas das minhas roupas e vê o que acontece...
Então,
a verdade vestiu algumas das lindas vestes da parábola e, de repente, a verdade
passou a ser bem acolhida e festejada por toda a parte.
Captado de "O Astrolábio" de 22 de Abril de 2018
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A Verdade, efectivamente, quando se apresenta como é, nua de artifícios e a dizer coisas irrefutáveis não é bem recebida por aqueles que usam modos e linguagem que sob a capa da atracção, tem manhas desfigurativas do que devia constituir a moral que sabe discernir sobre o que é próprio e o seu contrário e a ética que ao abordar a moral a subordina ao carácter, respeitando assim uma e outra, profundamente, a acção comportamental do homem perante a sociedade de que faz parte, pelo que a Verdade da moral e da ética se têm de apresentar nuas de artimanhas.
Foram, precisamente, estas artimanhas, as roupas artificiosas com que a Parábola quis demonstrar à Verdade - que ao usá-las - era bem acolhida pelo mundo.
E é isto que acontece!
A Verdade em vez de se apresentar despida de roupagens bonitas e atraentes, faz precisamente o contrário: anda por aí, embonecada a enganar os desprevenidos e os que usam a "boa fé", um atributo valioso, mas a necessitar, muitas vezes de ser mais prvenido contra certas roupas com que se veste a verdade enganadora que está a tomar conta de uma sociedade frívola e adormecida para o grande valor da Verdade nua, uma razão que me leva a ter na devida conta o conceito de George Orwell, quando disse, "que num tempo de engano universal, dizer a Verdade é um acto revolucionário".
E é.
Não tenho dúvidas, porque, como alguém disse: "Eu prefiro que me digam a verdade. Eu que decido se dói ou não".
Não tenho dúvidas, porque, como alguém disse: "Eu prefiro que me digam a verdade. Eu que decido se dói ou não".
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