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terça-feira, 10 de abril de 2018

"A morte do avô" - Um soneto de Maria O'Neill

Pintura de Felix Achlesinger

Fac-símile da Revista "Serões" . nº 41 de Novembro de 1908
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Este soneto desta ilustre escritora - que Deus lá tem - é um retrato de dor pelo avô que partiu e sobre tão infausto acontecimento, se tal fosse possível e não reflectisse, apenas, uma figura de estilo ou liberdade poética, Maria O'Neill declara no último verso - Qu'ria arrancar-te em lucta às mãos de Deus - num tom final em que, a falta do "gentil cabeça" / Orlada por cabellos côr da neve" lhe teceu a amargura sentida a que todos estamos sujeitos, porque a foice da morte passa e vai ceifando as vidas.

Li este soneto e todo o meu sentimento de falta não foi para nenhum avô materno ou paterno, porque os não conheci, mas para a única avó que conheci e me deixou - injustamente no tempo da minha transição para a vida adulta - recordando-a nos mimos que me dava e tanta falta me fizeram.

Neste dia e nesta hora de uma saudade imensa - apesar da distância temporal que o soneto de Maria O'Neill despertou em mim - fiquei a ler e reler o seu soneto e a pedir perdão à alma da minha avó materna por tanto ter sentido a sua falta e não lhe ter dedicado, um verso que fosse, da perda imensa que senti com a sua morte.

Mas tudo agradeço, porque apesar do tempo que marca indelevelmente o ocaso da minha vida, Deus me deu, ainda a possibilidade de lembrar neste "post" a santa avó que tive e dizer que ela tinha, como o avô de Maria O'Neill uma cabeça "orlada de cabelos cor da neve" e que tantas vezes deixou cair sobre a minha cabeça nos momentos de ternura em que me beijava, abraçando-me numa carícia... quando não era para me lembrar duma cabriolice qualquer!

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