A esperança, enganadora como é, serve contudo para nos levar ao fim da vida pelos caminhos mais agradáveis.
François de La Rochefoucauld
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Diz um sábio axioma popular "que a esperança é a última coisa a morrer" e até parece que La Rochefoucauld se terá inspirado nisto para tecer o seu comentário breve, mas cheio de uma verdade inquestionável para, sobre este assunto falar direito, ou seja, sem matar a virtude da "esperança" nos dizer sem rodeios como ela é enganadora, mas prestável por conduzir pelos seus "caminhos ideais" todos os caminhos reais dos homens e é, por isso, que neste momento - em que eu mesmo me agarro à fateixa da esperança - me veio à lembrança o poema O TEU RETRATO de António Nobre repleto de amor e de esperança e que diz deste modo:
Deus fez a noite com o teu
olhar,
Deus fez as ondas com os teus
cabelos;
Com a tua coragem fez castelos
Que pôs, como defesa, à
beira-mar.
Com um sorriso teu, fez o luar
(Que é sorriso de noite, ao
viandante)
E eu que andava pelo mundo,
errante,
Já não ando perdido em alto-mar!
Do céu de Portugal fez a tua
alma!
E ao ver-te sempre assim, tão
pura e calma,
Da minha Noite, eu fiz a
Claridade!
Ó meu anjo de luz e de
esperança,
Será em ti afinal que descansa
O triste fim da minha mocidade!
É desta ESPERANÇA que se faz a vida e é por ela que vivemos afoitamente na esperança de um dia melhor, porque, e lá vem à colação outro axioma popular bem conhecido: Hora a hora Deus melhora, e a ESPERANÇA enganadora como é, como afirma La Rochefoucauld, vive disto, fazendo dele o melhor alimento da alma que crê, como António Nobre, que do caminheiro errante que era - tendo-a encontrado naquele amor - já não andava perdido em alto mar.
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