DA LITURGIA
(…)
No primeiro dia da semana, ao romper da alva, as mulheres
foram ao sepulcro, levando os perfumes que haviam preparado. Encontraram
removida a pedra da porta do sepulcro e, entrando, não acharam o corpo do
Senhor Jesus. Estando elas perplexas com o caso, apareceram-lhes dois homens em
trajes resplandecentes. Como estivessem amedrontadas e voltassem o rosto para o
chão, eles disseram-lhes: «Porque buscais o Vivente entre os mortos?
Não está aqui; ressuscitou!
(Lc 24 1-6)
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O Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo - Filho de Deus - é tão grande como a grandeza de quem há-de ser até à consumação dos séculos Aquele que foi a sua causa e a tornou imortal, tendo desde os tempos primeiros sensibilizado a Humanidade rendida à exaltação da figura de quem, sendo Mestre, Rei e Senhor, dizia que viera para servir e não para ser servido, uma das razões mais profundas da sua evocação em que o Amor entre todas as criaturas - a sua Lei Fundamental - deixou raízes na "floresta humana" de que Ele foi o roble maior enquanto viveu e depois da sua morte, assim será para todo o sempre.
Disse d'Ele, Gregório de Narek:
Quanto a mim, não apenas O
invoco
mas, antes de tudo, creio na Sua
grandeza.
Não é pelos Seus presentes
que persevero nas minhas
súplicas:
é que Ele é a Vida verdadeira
e n’Ele respiro;
Sem Ele não há movimento nem
progresso.
Não é tanto pelos laços de
esperança:
é pelos laços de amor que sou
atraído.
Não é dos dons:
é do Doador que tenho perpétua
nostalgia.
Não é à glória que aspiro:
é ao Senhor glorificado que
quero abraçar.
Não é de sede da vida que
constantemente me consumo,
é da lembrança d’Aquele que dá a
vida.
Não é pelo desejo de felicidade
que suspiro,
que do mais profundo do meu
coração rompo em soluços:
é porque anelo por Aquele que a
prepara.
Não é o repouso que procuro,
é a face d’Aquele que aquietará
o meu coração suplicante.
Não é por causa do festim
nupcial que feneço,
é pelo anseio do Esposo.
Na esperança certa do Seu poder
apesar do fardo dos meus
pecados,
creio, com uma esperança
inabalável,
que, confiando-me na mão do
Todo-Poderoso,
não somente obterei o perdão
mas que O verei em pessoa,
graças à Sua misericórdia e à
Sua piedade
e que, conquanto justamente
mereça ser proscrito,
herdarei o Céu.
Trazer à lembrança este velho poema do místico arménio do primeiro milénio da era cristã - neste tempo em que as
Escrituras nos recordam a ida das mulheres de Jerusalém que de perto
acompanharam a peregrinação de Jesus e a pregação da Sua Palavra Eterna e se
deram conta que o Corpo de Jesus já se não encontrava na sepultura - é um modo
de nos lembramos que este Mistério que jamais alguém decifrará nos deve ligar à
mística com que Gregório de Narek acaba o seu poema de Amor pela Pessoa do
Ressuscitado:
Na esperança certa do Seu poder
apesar do fardo dos meus
pecados,
creio, com uma esperança
inabalável,
que, confiando-me na mão do
Todo-Poderoso,
não somente obterei o perdão
mas que O verei em pessoa,
graças à Sua misericórdia e à
Sua piedade
e que, conquanto justamente
mereça ser proscrito,
herdarei o Céu.
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