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segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Palavras certas em cima duma hora certa!



in, notícia da "Rádio Vaticano"


No passado dia 14 de Setembro o Papa Francisco presidiu e abençoou o casamento de 20 casais por ele escolhidos, com a particularidade de nestes haver situações que iam para além da normalidade que habitualmente preside aos casamentos católicos, retomando, assim, um hábito do seu antecessor.

Temos de saudar o Papa e saudar as palavras iniciais da sua homilia.
Disse, assim:



A primeira Leitura fala-nos do caminho do povo no deserto. Pensemos naquele povo em marcha, guiado por Moisés! Era formado sobretudo por famílias: pais, mães, filhos, avós; homens e mulheres de todas as idades, muitas crianças, com idosos que sentiam dificuldade em caminhar... Este povo lembra a Igreja em caminho no deserto do mundo actual; lembra o Povo de Deus que é composto, na sua maioria, por famílias.

Isto faz pensar nas famílias, nas nossas famílias, em caminho pelas estradas da vida, na história de cada dia... É incalculável a força, a carga de humanidade presente numa família: a ajuda mútua, o acompanhamento educativo, as relações que crescem com o crescimento das pessoas, a partilha das alegrias e das dificuldades... As famílias constituem o primeiro lugar onde nos formamos como pessoas e, ao mesmo tempo, são os «tijolos» para a construção da sociedade.

Voltemos à narração bíblica... A certa altura, o povo israelita «não suportou o caminho» (Nm 21, 4): estão cansados, falta a água e comem apenas o «maná», um alimento prodigioso, dado por Deus, mas que, naquele momento de crise, lhes parece demasiado pouco. Então lamentam-se e protestam contra Deus e contra Moisés: «Porque nos fizestes sair do Egipto?» (Nm 21, 5). Sentem a tentação de voltar para trás, de abandonar o caminho.

Isto faz-nos pensar nos casais que «não suportam o caminho» da vida conjugal e familiar. A fadiga do caminho torna-se um cansaço interior; perdem o gosto do Matrimónio, deixam de ir buscar água à fonte do Sacramento. A vida diária torna-se pesada, «nauseante». (...)




Aplaudimos a sabedoria humana do Papa Francisco ao ir buscar um trecho antigo da Bíblia - onde, como ele referiu e é bem conhecido o povo em marcha pelo deserto desanimou e revoltou-se pelo cansaço da jornada - um facto que ele transportou para a actualidade, onde e fez questão de acentuar - há casais, que num dado ponto da jornada "não suportam o caminho".

Deriva daqui, como norma - ou quase, atendendo ao que se passa na nossa frívola socieadade - que o modo mais fácil, não é o repensar dos motivos dos cansaços, mas a separação, quando - como aconteceu que o povo que Moisés conduzia acabou por encontrar a "Terra Prometida" - o mais racional seria mais um esforço reconciliante com a vida, que por vezes, se torna dura e difícil de levar.

Como apontamento, fica aqui estampado o meu apreço por duas coisas: O gesto do Papa e as palavras que foram respigadas da sua homilia, no desejo delas terem no meu modesto trabalho o realce que merecem por serem portadoras de uma humanidade viva, que se torna urgente viver, para que a vida diária não se torne pesada "nauseante", levando ao fundo o alcatruz da nora...



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