Pesquisar neste blogue

domingo, 7 de setembro de 2014

O Homem e a Mulher (Um poema de Victor Hugo)



Tela de Julien Dupré



O Homem e a Mulher


O homem é a mais elevada das criaturas.
A mulher, o mais sublime dos ideais.
Deus fez para o homem um trono; para a mulher fez um altar.
O trono exalta e o altar santifica.
O homem é o cérebro; a mulher, o coração. O cérebro produz a luz; o coração produz amor. A luz fecunda; o amor ressuscita.
O homem é o génio; a mulher é o anjo. O génio é imensurável; o anjo é indefinível;
A aspiração do homem é a suprema glória; a aspiração da mulher é a virtude extrema; A glória promove a grandeza e a virtude, a divindade.
O homem tem a supremacia; a mulher, a preferência. A supremacia significa a força; a preferência representa o direito.
O homem é forte pela razão; a mulher, invencível pelas lágrimas.
A razão convence e as lágrimas comovem.
O homem é capaz de todos os heroísmos; a mulher, de todos os martírios. O heroísmo enobrece e o martírio purifica.
O homem pensa e a mulher sonha. Pensar é ter uma larva no cérebro; sonhar é ter na fronte uma auréola.
O homem é a águia que voa; a mulher, o rouxinol que canta. Voar é dominar o espaço e cantar é conquistar a alma.
Enfim, o homem está colocado onde termina a terra; a mulher, onde começa o céu.


Victor Hugo



Esta formosa composição poética de Victor Hugo é uma centelha do seu génio.
Se há. nela, ditirambos de elevação sobre o homem e a mulher, o que fica de mais sublime é a exaltação da mulher como ser superior - ainda que ele diga que o homem é a mais elevada das criaturas - o que seria assim, no seu tempo, na ordenação social, mas é na mulher que o estro do grande homem de letras põe a tónica e com todo o profundo respeito.

A mulher - matriz de todos os homens - bem mereceu, na sua época, como hoje continua a merecer, salvo os enfatuados e desregradores feminismos que se põem em bicos de pés, todo o respeito dos homena que se deviam rever naquele belíssimo "Retrato de Mónica" que Sophia de Melo Breyner Andresen, "pintou" deste jeito:

(...) O marido de Mónica é um pobre diabo que Mónica transformou num homem importantíssimo. Deste marido maçador Mónica tem tirado o máximo rendimento. Ela ajuda-o, aconselha-o, governa-o. Quando ele é nomeado administrador de mais alguma coisa, é Mónica que é nomeada. Não são o casamento. São, antes, dois sócios trabalhadores para o triunfo da mesma firma. O contrato que os une é indissolúvel, pois o divórcio arruina as situações mundanas. (...)

in "Contos Exemplares"

Que o poema de Victor Hugo e a prosa de Sophia ajudem todos os homens a tomar consciência da importância da mulher,



Sem comentários:

Enviar um comentário