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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Os irmãos desavindos




Caricatura  (1833), representando D. Pedro IV e D. Miguel I pela disputa da coroa portuguesa




António Costa e António José Seguro incarnam bem esta caricatura do tempo da Monarquia Constitucional, quando o aguerrido absolutista D. Miguel procurava o reconhecimento internacional quanto ao seu direito à coroa portuguesa e o turbulento liberal D. Pedro, vindo do Brasil, depois de ter abdicado, fez o mesmo, reivindicando o mesmo direito, tenho ganho a batalha como a História regista.

Há semelhanças no que hoje acontece entre os dois irmãos desavindos do Partido Socialista, filhos da mesma ideologia mas querendo ler a cartilha - que devia ser única por modos diferentes - na espreita de conquistarem a "coroa", que neste caso se chama, ser líder do PS e daí, o ganhador partir para a conquista do "reino", no caso, o Governo da Nação.

António José Seguro estava dentro - como estava D. Miguel - e esse facto no seu pensar, dá-lhe direitos que de modo algum deviam ser postos em causa, enquanto António Costa, vindo de fora - se assemelha a D. Pedro - querendo a conquista de algo a que julga ter direito.

Os dois têm razão.

O que custa a entender é que enquanto António José Seguro, timidamente, apresenta algumas soluções governativas em António Costa há uma assunção deliberada de não se comprometer com nada.
É esta a disputa a que assistimos.
Um diz pouco e o outro diz nada.

No fim, como aconteceu com D. Pedro, o homem que veio de fora, foi ele que expulsou o irmão, o que vem pode vir a acontecer com António Costa, mas o que fica líquido nesta guerrilha vergonhosa pelo poder - tal como aconteceu no século XIX - é o descrédito da política, que devia ser uma função nobre e, no entanto - neste caso - é tratada como algo sem valor, onde vale tudo por "um prato de lentilhas"... que no caso não o é, nem nada que se pareça!



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