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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Ensinar os ignorantes é uma Obra de Misericórdia!


As Obras de Misericórdia dividem-se em 2 grupos.
Sete corporais e sete espirituais.
Ensinar os ignorantes é a 2ª das sete Obras de Misericórdia Espirituais e é isso que pretendo fazer relativamente ao seguinte assunto:

Logo após a demissão de José Matos Correia da Comissão de Inquérito à Caixa Geral de Depósitos, Carlos César, o chefe da bancada do Partido Socialista na Assembleia da República - veio dizer, entre outras estas asserções:

http://www.sabado.pt/
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Do corpo da notícia lêem-se estas duas "alfinetadas":

  • Matos Correia enganou-se na Comissão.
  • Que o assunto a discutir na Comissão de Inquérito tinha como objecto a "indagação das situações que levaram à necessidade de recapitalização da CGD e aos actos praticados nesse sentido, até ao ano de 2015" (...)

Há aqui uma falha muito grave e que Carlos César, pelo vistos não conhece ao dizer o que disse, razão porque "ensinar os ignorantes" recai por inteiro na 2ª das sete Obras de Misericórdia Espirituais e é o que me apraz fazer, tendo em conta um documento emanado da Assembleia da República de que faz parte - e num lugar de relevo - o parlamentar açoriano e que passo, com a devida vénia a reproduzir:

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Resolução da Assembleia da República n.º 122/2016
Diário da República n.º 125/2016, Série I de 2016-07-01
  • SUMÁRIO
Constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e à gestão do banco
  • TEXTO
Resolução da Assembleia da República n.º 122/2016
Constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e à gestão do banco
A Assembleia da República, nos termos do n.º 4 do artigo 178.º da Constituição e da alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º da Lei n.º 5/93, de 1 de março, alterada pela Lei n.º 126/97, de 10 de dezembro, e alterada e republicada pela Lei n.º 15/2007, de 3 de abril, constitui uma comissão parlamentar de inquérito à recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e à gestão do banco, que deve funcionar pelo prazo mais curto que permita cumprir os seus objetivos, não ultrapassando os 120 dias, com o seguinte objeto:

a) Avaliar os factos que fundamentam a necessidade de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, incluindo as efetivas necessidades de capital e de injeção de fundos públicos e as medidas de reestruturação do banco;

b) Apurar as práticas de gestão da Caixa Geral de Depósitos no domínio da concessão e gestão de crédito desde o ano de 2000 pelo banco em Portugal e respetivas sucursais no estrangeiro, escrutinando em particular as posições de crédito de maior valor e/ou que apresentem maiores montantes em incumprimento ou reestruturados, incluindo o respetivo processo de aprovação e tratamento das eventuais garantias, incumprimentos e reestruturações;

c) Apreciar a atuação dos órgãos societários da Caixa Geral de Depósitos, incluindo os de administração, de fiscalização e de auditoria, dos auditores externos, dos Governos, bem como dos supervisores financeiros, tendo em conta as específicas atribuições e competências de cada um dos intervenientes, no que respeita à defesa do interesse dos contribuintes, da estabilidade do sistema financeiro e dos interesses dos depositantes, demais credores e trabalhadores da instituição e à gestão sã e prudente das instituições financeiras e outros interesses relevantes que tenham dever de salvaguardar.

Palácio de S. Bento, em 27 de junho de 2016.
O Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues.

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Leio a alínea "b" e o que lá diz, é assim: Apurar as práticas de gestão da Caixa Geral de Depósitos no domínio da concessão e gestão de crédito desde o ano 2000 pelo banco em Portugal (...) ou seja, Carlos César que devia conhecer esta "Resolução da Assembleia da República nº 122/2016", que faz parte da "Série I de 2016-07-01 a páginas 2035-2035 e com publicação nesse mesmo dia, no momento em que veio criticar a demissão de José Matos Correia, distraiu-se ao afirmar que a Comissão de Inquérito parlamentar - que ele aprovou - tinha como meta temporal o ano de 2015... quando no documento o que é dito é que os senhores deputados - os proponentes e os outros - tinham como missão indagar o seguinte:

O que se passou na Caixa Geral de Depósitos desde o ano 2000, logo sem fixar uma data de fim.

Onde é que Carlos César foi descobrir o ano de 2015?

Foi por este motivo, que ao ver boicotados os trabalhos pelo Partido Socialista e pelos outros partidos que o apoiam no governo - um despautério só entendível à luz das sombras onde havia de se fazer luz - que José Matos Coreia "bateu com a porta" e se demitiu, algo que no meu entender não deixo de aplaudir, provando-se assim, que é possível nascer uma flor em cima de uma qualquer água...

Carlos César ao dizer que Matos Correia enganou-se na Comissão, pelo exposto, que me parece correcto, leva-me a concluir que ele sim, é que estava enganado ao dizer o que disse... pelo que "ensinar os ignorantes" é, efectivamente, um acto de misericórdia e que eu aprendi há já umas largas dezenas de anos, mas que não esqueci.

1 comentário:

  1. Gostei imenso de ler...pela fineza...tivéssemos nós uma comunicação social com esta fineza que estaríamos mais bem informados e com qualidade de análise!

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