Pesquisar neste blogue

sábado, 30 de novembro de 2013

A Justiça desequilibrada



Gravura do Jornal "O Xuão" de Fevereiro de 1908


Na época, precisamente, em inícios do mês de Fevereiro de 1908 o novo Poder revogou decretos de João Franco e, bem assim a lei de imprensa, fazendo reaparecer no dia 6 os jornais que estavam suspensos: Diário Popular, Liberal, O Dia, O País, Correio da Noite, ao mesmo tempo que libertava os politicos, António José de Almeida, Afonso Costa, Egas Moniz, João Chagas e França Borges, amnistiando no dia 12 os marinheiros implicados nas revoltas de 8 e 13 de Abril de 1906, tendo realizado os funerais do rei D. Carlos e do príncipe D. Luís Filipe em 8 de Fevereiro e a dissolução do Parlamento (então chamada Câmara dos Deputados) no dia 29 de Fevereiro e a consequente aclamação de D. Manuel II em 6 de Maio. 
Na gravura o Poder está caído sob o jugo da Justiça e vinda das trevas a que esteve sujeita durante séculos aparece na alvura da sua veste branca - sinal de pureza - a Liberdade, sem reparar num pormenor que haveria de ter feito toda a diferença. 
Na mão direita da Justiça os pratos da balança que deviam estar equilibrados, depois de esmagar o Poder despótico, surgem em desequilíbrio, dando desse modo, uma falsa autoridade à espada cravada na Ditadura, necessariamente enrolada, como se fosse para sempre... e não foi!


O problema dos pratos da balança da Justiça terem entrado desequilibrados em 1908, como a gravura sugere - e muito bem - continua, hoje, a ser o mesmo.
Portugal continua a ser um País com falta de equilíbrio, onde a Justiça precisa, efectivamente, de ser igual para todos os cidadãos e, segundo, o senso comum, não o é, o que justifica a reforma urgente que é preciso fazer, já apregoada - é verdade - mas não levada a cabo com a coragem que se impõe.

Sem comentários:

Enviar um comentário