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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Ou vais a pé ... ou és apeado!



Gravura publicada na Revista "Pontos nos ii" de 16 de Julho de 1885

Na época, alguns políticos da oposição queriam depor o Ministro das Obras Públicas, Fontes Pereira de Melo, um gastador que estava a arruinar o País. Com o seu acentuando pendor de crítica mordaz, Rafael Bordalo Pinheiro imaginou o governante apeado aos ombros de dois moços de fretas - uma desonra - saindo deste jeito do Poder, pelo facto de não ter saído pelo seu pé enquanto houve tempo.


Na Aula Magna, no passado dia 21 de Novembro, Mário Soares - em mais um Congresso das Esquerdas - referindo-se à figuras mais gradas do Estado, disse-lhes que é tempo de se demitirem enquanto podem ir para as suas casas pelo seu pé, caso contrário serão os responsáveis pela onda de violência que aí virá e que necessariamente os atingirá. E o orador teve muitas palmas... vindas daqueles, que como Vasco Lourenço defende que ou saem a tempo, ou vão ser corridos à paulada
E tudo isto em nome da Democracia.
E eu que pensava que ela - o melhor de todos os males de governação politica -  se estribava na força do voto, quando, afinal, dá o "direito" à violência física contra aqueles que pela força do voto - no tempo mais difícil que Portugal vive desde a Revolução - conquistaram o direito de governar .
Mas não vai acontecer, nem a "paulada", nem a "profecia" dos actuais governantes saírem do poder quanto antes, para desgosto de ambos, com ênfase para Mário Soares, a quem não ficam bem estas palavras, pelo facto de no tempo em que foi governante - nos ter mandado apertar o cinto - a braços como estava pelo pagamento aos credores do resgate que ele mesmo teve de pedir à banca estrangeira.
Não vai acontecer.
O povo é sereno e os "Velhos do Restelo" que ficaram na História da Literatura Portuguesa pelos piores motivos, não há lugar no tempo que passa para a sua reencarnação e muito menos com a agravante que lhe foi dada na Aula Magna, ou seja, não serem figuras de um qualquer enredo poético mas figuras reais de um qualquer drama  violento destinado a atingir os governantes que não são da cor política deste antigo Chefe do Estado, que não de coibiu de deixar - como legítimo - o corte cerce do cumprimento dum cargo para que aqueles homens de Estado foram eleitos pelo povo, logo sem respeito pela Democracia que ele ajudou a construir...
Não posso estar de acordo, por não poder aceitar, que para alguns próceres a Democracia só é boa quando é exercida por quem pensa como eles, num tempo em que as ideologias ortodoxas morreram.
Guerra, pois - sem violência ou paulada -  às palavras desconexas, venham de onde vierem.
E que Mário Soares e Vasco Lourenço não esqueçam um velho e acertado rifão popular: Quem quer ser respeitado tem de se dar ao respeito.
Lamento dizer isto. Mas é o que sinto.

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