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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

O capitalismo selvagem e os governantes que o servem.


Gravura publicada no Jornal "O António Maria" de 5 de Março de 1891

Ontem, como hoje, o capital não tem rosto de se ver. É um selvagem.
Na época, a pena genial de Rafael Bordalo Pinheiro, fez saltar sobre um amontoado de moedas os banqueiros que desde Paris - por culpa nossa - nos iam arruinando, fazendo-o com ar displiscente do capitalista feliz que ao saltar por cima do seu dinheiro, saltava sem dó nem piedade sobre Portugal ajoelhado perante o poder pecuniário.
Hoje, são outros.
São aqueles que o Papa Francisco na sua primeira exortação apostólica "Evangelli Gaudium" (A alegria do Evangelho) ataca, chamando ao capitalismo selvagem que eles levam a efeito contra a moral e a dignidade dos povos,  "uma nova tirania", advertindo que a desigualdade e exclusão social, não só "geram violência" como pode provocar "uma explosão", expressando neste livro de 84 páginas o sentir dos seus sermões e discursos desde o mês de Março de 2013, que assinala o início do seu magistério.
Portugal, infelizmente, por obra e graça - ou melhor por desgraça nossa - de uns certos senhores que nos governaram deixou-se cair na ratoeira destes agiotas internacionais, quando o que se impunha, num País como o nosso, era para cada despesa um saldo que a cobrisse e não, como se fez, para cada despesa, outra despesa em cima, de tal sorte, que bem se pode chamar à colação um trecho de Eça de Queirós, publicado no "Distrito de Évora" que termina assim: Sabemos que um deficit arreigado, inoculado, que é um vício nacional, que foi criado em muitos anos, só em muitos anos será destruído.
Eça de Queirós não foi um profeta.
Foi, apenas - e foi muito - um grande escritor e crítico do seu tempo.
Mas o que ele disse, está hoje, mais uma vez a acontecer com o atordoado povo português que continua agarrado ao vício da dívida que faz engordar o capitalismo selvagem, a menos que as palavras do Papa Francisco que não se cansa de o denunciar encontrem eco e façam recuar os que, sem qualquer pejo ou vergonha fazem do povo, especialmente, dos jovens e dos mais velhos, pessoas para descartar, saltando sobre eles, como o faz na gravura, o banqueiro agiota que se serve do seu próprio capital para amesquinhar os pedintes.
Que a voz do Papa Francisco não se cale e seja em cada dia que passa a voz dos que, não tendo voz, possam encontrar neste homem providencial a razão que leve, por fim, o mundo do capital a ter mais respeito pela dignidade que tem de merecer todo o homem e, também, que os homens chamados a conduzir os povos tenham mais contenção nos gastos nacionais, como aconteceu connosco nos desvario de gastos sem cobertura.
O que foi um acção que jamais deve voltara a acontecer, porque hão-se ser os os netos da actual geração a pagar o desnorte de tantos, que agora, perdido o poder pela força do voto se sentem julgados, o que é, apenas, uma parte - e menor - do castigo a que deviam estar sujeitos.

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