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segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

O lema do listel do Brasão do Papa Francisco e o Evangelho de Sâo Mateus


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Sobre o brasão do Papa Francisco não vou deter-me - por falta de sabedoria - na descrição dos símbolos, tradições iconográficas das representações começadas pela mitra, nas chaves cruzadas e respectivas cores, e noutros símbolos, como o Sol radiante, o monograma de Cristo onde ressalta a Cruz em cima e os pregos em baixo, na intensidade da cor azul, na estrela e a na flor de nardo, mas apenas fixar-me nas palavras MISERANDO ATQUE ELIGENDO que aparecem distintas no listel inferior a indicar a divisa ou o lema que o Papa escolheu para o seu pontificado, a partir de uma frase bíblica que se refere à vocação de S. Mateus.

Encontramos este episódio no Evangelho que tem o seu nome, em (9, 9) que nos dá conta do seu chamamento, um episódio da vida de Jesus que se seguiu à descida do Monte onde havia pregado o discurso memorável, conhecido pelo "Sermão da Montanha".

Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus que estava sentado no posto de pagamento das taxas. Disse-lhe: Segue-me. O homem levantou-se e o seguiu.

Este chamamento tê-lo-á sentido o jovem Jorge Bergoglio quando tinha 17 anos envolto num influxo espiritual ao sentir-se tomado pela presença do amor de Deus, entrado de rompante na sua vida chamando-o a seguir a vida religiosa, a ponto de quando foi eleito Bispo ter escolhido como mote e programa de vida as palavras MISERANDO ATQUE ELIGENDO - olhou-o com misericórdia e escolheu-o - que veio a reproduzir no brasão pontifício, lembrando parte da frase que Jesus disse ao publicano Mateus.

Mateus exercia uma profissão odiosa: a de publicano, um judeu cobrador de impostos sobre os seus irmãos de raça e em consequência, considerado como um "ladrão e gatuno" que na Nação ocupada se encarregava de cobrar rendas para o ocupante, no caso o Império Romano.

O chamamento de Mateus - tela de Hendrick ter Brugghen

Jesus que bem conhecia a saga destes judeus vendidos ao poder de Roma, depois de ter proclamado no Monte os principais conceitos a que devia obedecer a vida de cada homem, ao dirigir-se-lhes, sintetizou admiravelmente numa ordenação ascendente de valores a serem cometidos por cada um na vida terrena em ordem a alcançar o usufruto da condição divina.

Naquele dia ao passar pela banca de Mateus rodeada de pagadores de impostos, apiedou-se da vida que ele levava e olhando-o, com misericórdia, escolheu-o, dizendo-lhe "Segue-me".
Conta o relato sagrado que Mateus fechou a banca e desde aquele momento seguiu Jesus.

Que tem isto a ver com o lema do Brasão do Papa Francisco MISERANDO ATQUE ELIGENDO?

O Papa Francisco, nos seus 17 anos quando teve o chamamento de Deus sentiu-se olhado pela sua misericórdia e escolhido para um outro destino, precisamente, para a partir da sua aceitação religiosa que atingiu o cume com o assento na cadeira de São Pedro, poder dizer do alto do seu Magistério a todos os seus irmãos, especialmente aos desavindos de Deus - como aconteceu com Mateus - que até estes devem ser olhados com misericórdia divina, convidando-os, ou seja  - escolhendo-os - para que aceitam a mudança de caminho.

MISERANDO ATQUE ELIGENDO - olhou-o com misericórdia e escolheu-o, um acto que devia estar na mira de cada homem bom, em atenção aos desencaminhados da sorte, madrasta, tantas vezes, por não se olhar para eles com a misericórdia de Deus que Jesus pregou no Monte das Bem-Aventuranças.

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