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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

"Cruzado sou" - Um soneto de António Sardinha


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António Sardinha foi um intelectual brilhante e, como tal, a sua obra afirmou-se como uma das principais referências do "Integralismo Lusitano" que na primeira metade do século XX advogava, contra a República a Monarquia tradicional, afirmando-se em consequência como monárquico e patriota, segundo o seu lema: "Nós não somos patriotas por sermos monárquicos. Somos antes monárquicos por sermos patriotas"


Cruzado sou, foi o título que ele deu a este soneto e este nome define o homem que ele foi se nele meditarmos no sentido da palavra - cruzado - como um nome que se deu a todos aqueles que embarcavam para as "Cruzadas" que a partir do século XI designou os Movimentos militares cristãos que partiam de toda a Europa Ocidental a caminho da Terra Santa, dirigindo-e a Jerusalém no intuito de a manter sob o domínio da fé cristã.

Eis, porque, neste soneto - ele que foi um brilhante Poeta - afirma na sua composição os seus votos "num missal aberto" e é em nome da Raça portuguesa e dos seus ideais monárquicos que nos fala do "Encoberto" que morreu em Alcácer-Kibir e, ainda hoje, é para muitos portugueses um mito desejado que se transformasse em realidade.

Cruzado sou. 

Cruzados - retirando-lhe o peso histórico da palavra - todos o devíamos ser em nome de Portugal a quem devemos o serviço de sermos patriotas, e nesse sentido - "cruzados" - sentindo que há sempre uma nova "Jerusalém" para libertar não de um qualquer poder islamita, mas de um poder que neste momento em nome de uma Europa que apenas vê na economia a sua tábua de salvação,  ao deixar ao "Deus dará" a sua gloriosa História, nos está a subverter levando-nos ao abandono dos velhos valores da moral pessoal e familiar - onde se geram as sociedades mais prósperas - o que me leva a repetir dois versos de António Sardinha:

Oh Portugal! – eu me comovo e assobro…
Em teus braços ergueste o mundo inteiro!

E agora?

Oh, Portugal... andamos a sofrer e a passar um mau momento, mas eu tenho a certeza que pelo arreganho do povo que somos nos havemos de erguer, não para temos nos nossos braços o mundo inteiro - foi um tempo que passou -  mas para termos em nossos braços o destino do nosso mundo, agora confinado àquilo que nos ficou do espaço grande que tivemos, mercê da gesta heróica que se foi mar dentro - e por terras - à procura de outros Mundos e nessas campanhas havia de morrer o "Encoberto" - el-Rei D. Sebastião - a que António Sardinha alude e em memória do qual se persigna respeitosamente.

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