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Documento fundamental do Concílio Vaticano II inaugurado em 11 de Outubro de 1962, após a realização de quatro sessões foi encerrado em 7 de Dezembro de 1965, é conhecido como a sua única Constituição Pastoral dedicada ao tema da "Igreja no mundo contemporâneo", tratando com esmero as relações entre a Igreja e o Mundo onde ela actual foi votado na quarta e última sessão daquela reunião das autoridades eclesiásticas.
Formam-no duas partes: A primeira de cariz doutrinário onde não falta - finalmente - a abordagem do sacerdócio comum de todo o Povo de Deus e a segunda, com o centro nos diversos problemas do Mundo actual, como as injustiças sociais entre classes e povos, os perigos das armas nucleares e o problema da economia.
Este Concilio surgiu - na linha orientadora que eles têm - como um esforço comum da Igreja para defesa, guarda e clareza da Fé e doutrina, e constituiu um acontecimento notável que trouxe ao seio da Igreja muitos dos seus seguidores mais afastados por terem visto nele - e com especial relevo para a Constituição Gaudium et Spes - uma aragem nova que penetrou nas consciências ao tomarem conhecimento das novidades que apareceram na Teologia e na hierarquia da Igreja, de onde sobressaiu o facto das Missas passarem a ser celebradas na língua de cada País, com o abandono do latim para estas cerimónias litúrgicas.
Muitas vezes o ícone utilizado para a Constituição Gaudium et Spes - excluindo a balança com o seu equilíbrio - é o Brasão do Papado ou do Vaticano com as chaves do Céu cruzadas e em que a chave de prata simboliza o poder de desligar a Terra do Céu e a chave de ouro simbolizar o poder contrário, ou seja, ligar a Terra e o Céu
No ícone que se reproduz em epígrafe, a balança equilibrada simboliza esta Constituição pelo equilíbrio doutrinário que a informa e em que a justiça social é, um dos lemas principais apontados pela Igreja a todos os homens e às sociedades onde vivem e devem ser respeitados.
Não é intenção deste "post" entrar - até por falta de conhecimentos teológicos - na análise da Gaudium et Spes, mas com toda a convicção humana deixar aqui um convite à sua leitura integral, na certeza que é da sua leitura que partem feixes de um melhor entendimento do papel da Igreja actual para a actualidade do tempo que vivemos.
Fica, apenas, o princípio.
PROÉMIO.
Íntima união da Igreja com toda a família
humana
1. As alegrias e as esperanças, as
tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos
aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as
angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente
humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada
por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua
peregrinação em demanda do reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação
para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente
ligada ao género humano e à sua história.
A quem se dirige o Concílio: todos
os homens
2. Por isso, o Concílio Vaticano
II, tendo investigado mais profundamente o mistério da Igreja, não hesita agora
em dirigir a sua palavra, não já apenas aos filhos da Igreja e a quantos
invocam o nome de Cristo, mas a todos os homens. Deseja expor-lhes o seu modo
de conceber a presença e actividade da Igreja no mundo de hoje.
Tem, portanto, diante dos olhos o
mundo dos homens, ou seja a inteira família humana, com todas as realidades no
meio das quais vive; esse mundo que é teatro da história da humanidade, marcado
pelo seu engenho, pelas suas derrotas e vitórias; mundo, que os cristãos
acreditam ser criado e conservado pelo amor do Criador; caído, sem dúvida, sob
a escravidão do pecado, mas libertado pela cruz e ressurreição de Cristo,
vencedor do poder do maligno; mundo, finalmente, destinado, segundo o desígnio
de Deus, a ser transformado e alcançar a própria realização.
Para iluminar a problemática
humana e salvar o homem
3. Nos nossos dias, a humanidade,
cheia de admiração ante as próprias descobertas e poder, debate, porém, muitas
vezes, com angústia, as questões relativas à evolução actual do mundo, ao lugar
e missão do homem no universo, ao significado do seu esforço individual e
colectivo, enfim, ao último destino das criaturas e do homem.
Por isso, o Concílio,
testemunhando e expondo a fé do Povo de Deus por Cristo congregado, não pode
manifestar mais eloquentemente a sua solidariedade, respeito e amor para com a
inteira família humana, na qual está inserido, do que estabelecendo com ela
diálogo sobre esses vários problemas, aportando a luz do Evangelho e pondo à
disposição do género humano as energias salvadoras que a Igreja, conduzida pelo
Espírito Santo, recebe do seu Fundador. Trata-se, com efeito, de salvar a
pessoa do homem e de restaurar a sociedade humana. Por isso, o homem será o
fulcro de toda a nossa exposição: o homem na sua unidade e integridade: corpo e
alma, coração e consciência, inteligência e vontade.
Eis a razão por que este sagrado
Concílio, proclamando a sublime vocação do homem, e afirmando que nele está
depositado um germe divino, oferece ao género humano a sincera cooperação da
Igreja, a fim de instaurar a fraternidade universal que a esta vocação
corresponde. Nenhuma ambição terrena move a Igreja, mas unicamente este objectivo:
continuar, sob a direcção do Espírito Consolador, a obra de Cristo que veio ao
mundo para dar testemunho da verdade para salvar e não para julgar, para
servir e não para ser servido.
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Não sublinho, propositadamente, qualquer citação inserta neste três primeiros números de tão vasto, profundo e actualíssimo documento do Vaticano II, que bem merece um aplauso de todos os homens de boa vontade em ordem à comunhão universal para onde aponta o seu título latino - Fé e Esperança - na convicção que tenho que esta dicotomia, um dia, se há-de cumprir no fruir da Humanidade e onde o Deus verdadeiro que fez nascer a era apostólica, que esta tenha entre os homens o lugar que lhe pertence.
A Gaudium et Spes é para aí que aponta nas duas partes de que se compõe e é, lendo-a e meditando-a que se pode concluir que a Igreja do nosso tempo é uma realidade que "esconde" no seu seio a intemporalidade que suscitou na última metade do século XX um alarde do divino que rege todos os homens, mas com especial relevância para aqueles que por um Mistério impenetrável tem a seu cargo serem testemunhas daquele Deus incarnado que um dia se fez ouvir no Sermão da Montanha, onde muito do que foi dito neste documento conciliar teve ali a sua Fonte inspiradora.
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