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quinta-feira, 15 de março de 2018

"Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades"...


Mudam-se os Tempos, 
Mudam-se as Vontades

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.

Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"
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Sempre assim foi!

E foi por isso que o nosso Poeta Maior, ao ter sentido no seu tempo este, como anátema que pesava sobre a sociedade em que viveu, adivinhando que o mesmo se iria repercutir no tempo futuro, dada a volatidade mental do homem vulgar que costuma agir de acordo com as circunstâncias  a que se vê obrigado, escreveu este célebre soneto.

Recupero-o, hoje, neste "post" por me lembrar do discurso de António Costa pela altura da disputa interna das últimas eleições legislativas em que, usando uma linguagem manhosa verberava contra o seu opositor Pedro Passos Coelho a quem "passou a perna", dizendo que em Bruxelas devia haver um discurso mais duro.

Linguagem "para inglês" ouvir!

No passado dia 14, em Estrasburgo - a outra capital europeia  - António Costa fez o contrário do que dizia e teve um discurso cordato, onde admitiu, até, uma maior contribuição monetária de Portugal, como se pode inferir desta notícia:
https://www.publico.pt/2018/03
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Resultou daqui que Antonio Tajani,  presidente do Parlamento Europeu, tenha dito: "Ouvimos a posição portuguesa sobre assuntos muito interessantes, gostei muito do que disse o primeiro-ministro relativamente aos recursos próprios para o quadro financeiro plurianual. Esse é um ponto muito importante para o Parlamento Europeu: nós sublinhamos a importância de ter um imposto digital, a importância de ter uma taxação sobre a especulação financeira, e também uma taxação contra alterações climáticas sobre produtos poluentes”, disse Tajani, numa conferência de imprensa conjunta com Costa".
https://observador.pt/2018/03/14
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Como Luís de Camões teve razão antes do tempo!
E teve-a, porque conhecia os homens e o seu "dobrar da espinha" quando os novos ventos - fortes demais para os seus frágeis arcaboiços - a tanto os obrigam!

O nosso povo - sábio como é - costuma dizer: "Boas palavras e maus feitos, enganam sisudos e néscios." ou, ainda: "Não há cabeça a que não falte a carapuça." , mas ficando nós sem saber se António Cota liga a esta coisas... populares - embora correctas - para a sua mudança de agulha europeia, agora que está metido na Europa e teve de remedir as suas palavras pelo discurso centrado nos ditames de uma política europeia de que se fez "bom aluno" - o mesmo que chamaram a Passos Coelho nos tempos em que Portugal tinha a "troika" de três em três meses a vigiar as nossas contas - por culpa de um empréstimo monetário para solver a nossa economia, pedido em última instância por um governo de que António Costa chegou a fazer parte.

É bom não esquecer isto!
"Mudam-se os tempos, Mudam-se as vontades"

Como Luís de Camões sabia destas coisas!...

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