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sábado, 10 de março de 2018

A condessa Mumadona Dias na génese da independência de Portugal


Fac-símile do nº 469 da Revista "O Occidente" de 1 de Janeiro de 1892
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Numa síntese muito breve diz esta notícia que nos princípios do século X, o pedaço do território situado entre o Douro e o Minho, era governado em nome dos reis de Leão e Astúrias, pelo conde D. Hermenegildo Gonçalves Mendes, casado com D. Mumadona Dias, tia de D, Ramiro II, rei daqueles estados.

Após ficar viúva, a condessa D. Mumadona tendo ficado senhora com seus filhos de numerosas propriedades, avultando de entre elas uma quinta situada na Província de Entre Douro e Minho, perto do rio Ave e do ribeiro Celho, a que chamavam Vimarães ou Vimaranes, tomando o nome de uma aldeia bem próxima daquela herdade agrícola que havia cabido por partilha a sua filha D. Urraca, naquele local mandou edificar um mosteiro para seu asilo pelo ano de 929, dedicando-o a Nossa Senhora e ao Salvado do Mundo.

Por aquele tempo a Província estava liberta da moirama, sem contudo estar livre de surtidas daquele povo guerreiro, como aconteceu  com a invasão de um exército sarraceno capitaneado por Al-Coraxi, rei e Sevilha que durante a noite assaltaram a  povoação e o mosteiro, saqueando tudo o que de mais precioso encontraram.

Foi, então, que D. Mumadona, tendo em conta a defesa monacal e da aldeia vizinha, mandou edificar em local mais alto, um castelo na colina de Nossa Senhora da Oliveira  - que a História regista pelo nome de Guimarâes - sob a invocação de S. Mamede, no ano de 959 e onde, no devir da História haveria de fixar residência, já nomeado governador de Portugal, o Conde D. Henrique de Borgonha e sua mulher a Rainha D. Teresa de Aragão e onde em 1109 nasceu D. Afonso Henriques.

A fazer fé na notícia cujo fac-símile acima se reproduz, é dito que no século XIV existia junto da Igreja de S, Torquato, uma légua distante de Guimarães, uma frondosa oliveira que daca azeite para a lâmpada do santo e que, tendo esta sido arrancada foi transportada e plantada á porta da Igreja e que vindo a secar, no mesmo local foi erigida uma Cruz no ano de 1342, que milagrosamente três dias depois reverdeceu a oliveira, dando lugar a que ao local acorressem os fiéis, donde nasceu a designação da Igreja de Nossa Senhora da Oliveira, edificada no local onde existiu o mosteiro fundado por Mumadona Dias que veio a dar origem à Colegiada de Santa Maria de Guimarâes.

Sobre isto que aqui se refere existem conceituados documentos que são na sua cultura discricional um meio de consulta de grande valor histórico, que não este simples e modesto apontamento que nasceu, apenas, para render uma homenagem à mulher - de que, no passado dia 8 de Março celebramos a sua lembrança no - DIA INTERNACIONAL DA MULHER - com origem no início do século XX nos Estados Unidos e na Europa, tendo em conta, dar à mulher melhores condições de vida, de trabalho e, muito importante, ter-lhe dado o direito de voto.

De nada disto beneficiou a condessa Mumadoma Dias, mas é a ela pela sua coragem, luta e amor pela Pátria que ela adivinhava iria nascer do seu arreganho lúcido, heróico e destemido, no seu tempo,  o mosteiro que fundou em honra de seu marido e na colina mais alta de Vimarães, o Castelo altaneiro que veio a ser o berço da nacionalidade portuguesa.
É em sua honra que este apontamento se escreveu, por nunca ser por demais lembrar as mulheres - como esta que tendo vivido na sombra de seus maridos - depois deles, honrando a sua memória e os sonhos que eles acalentavam de liberdade, continuaram a luta em defesa de ideais nobres, como foi o desta mulher.


A ela se deve a primeira Bandeira de Portugal, tendo D. Afonso Henriques aproveitado a simples Cruz, sem ornatos, identificadora do Condado Portucalense, para a adornar dos besantes - que na linguagem heráldica - significa ouro ou dinheiro, para desse modo afirmar a sua autonomia perante o seu primo Afonso VII, rei de Leão e Castela, significando, ainda, uma maior solidez ao escudo de guerra do nosso primeiro rei.

Painel evocativo do Tratado de Zamora

Viria ser com ele que em 5 de Outubro de 1143, Afonso Henriques firmou através do Tratado de Zamora a conferência de paz que assinalou, desde então  o nascimento do Reino de Portugal, provando-se assim - o que hoje é voz corrente que por detrás dum grande homem está sempre uma grande mulher - como foi este caso em  que o nosso primeiro rei, por herança familiar, recebeu da sua antiga avó Mumadona a força e a coragem que a celebrizou no seu tempo e que o havia de celebrizar a ele.

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