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sábado, 24 de março de 2018

"Agradar a gregos e a troianos"

http://www.sapo.pt/ de 24 de Março de 2018
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Com a promulgação do "diploma do financiamento dos partidos" que havia vetado no dia 2 de Janeiro de 2018 e com esta atitude agora tomada o Senhor Presidente da República  caiu dentro do aforismo popular em que  "agradar a gregos e a troianos".

Este aforismo nascido do tempo da lendária guerra de Tróia, contada por Homero, na Ilíada,  uma das obras mais importantes daquele poeta grego e cujo relato nos fala do herói grego Odisseu - Ulisses em latim - o construtor do célebre "cavalo de Tróia", uma estratégia para obter a vitória dos Gregos que durante dez longos anos em guerra contra os Troianos, originava a que os reinos de menos força bélica se aliavam quer a uns quer a outros e quem o não fizesse  não agradava, quer aos Gregos, quer aos Troianos, levando a que se não soubesse - por se agradar aos dois lados - quem ganharia a guerra.

É esse o problema dos líderes de todos os tempos postos frequentemente sob este tipo de situação e, embora, muitas das vezes desejem apoiar os "Gregos" temem não agradar aos "Troianos" e assim, colocam-se em  cima do muro numa atitude geradora de desconfiança ou de pouca capacidade de uma tomada de decisão firme.

O Senhor Presidente da República, com a atitude que tomou - por obrigação de um cumprimento legal -  pôs-se na situação de agradar a "Gregos e a "Troianos", que é sempre uma situação cómoda, mas pode não ser a mais correcta, apesar das "objecções de fundo" que reiterou, mas a tanto foi obrigado por uma maioria a quem interessava a aprovação do diploma, pelo que a lei que obrigou o Presidente da República a ser obrigado a promulgá-lo é uma lei que devia ser revista, mormente o nº2 do artigo 136º, que deveria exigir unanimidade de votos e não apenas, uma maioria absoluta.

Por esta razão, uma lei que obriga o supremo Magistrado da Nação, mesmo contra sua vontade - depois do seu veto - a ter de "dobrar-se", sabendo que se agrada aos "Gregos" não agrada aos "Troianos", sendo que nuns e noutros, não estão apenas os parlamentares, mas o povo em geral, não pode merecer o aplauso desta migalha de povo que eu sou.

De que serve, pois, dizer-se em linguagem corrente, que o Presidente da República  é o Supremo Magistrado da Nação?
Claro que não é!
Mas para ele, os políticos e o povo embarcado nesta onda, criou esta "figura de estilo" muito rendilhada à boa maneira portuguesa, quando vemos e sentimos - como no caso presente - que bastou o Parlamento "bater o pé" e manter a lei aprovada para que o Presidente da República lhe tivesse de obedecer!

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