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segunda-feira, 19 de março de 2018

A minha Beira - em largos espaços - é assim!



A minha Beira - em largos espaços - é assim!

Baixa, porque acima dela fica a Beira Alta, a minha Beira em amplos espaços como a foto documenta é uma ondulação de montes e vales, de vales e montes, e onde pela lonjura dos horizontes, estes aparecem como que nublados pela intensidade das canículas estivais a deixar que o céu azul se confunda com eles.

A minha Beira - em largos espaços - é assim!

Esquecida endémica do poder central, desde sempre, por não haver nela votos nacionais a conquistar, tem sido votada ao abandono e, porque - como este local sugere - neste espaço os solos bravios nunca foram pródigos para o plantio do eucaliptal, apresenta na sua beleza rude toda a força dos tempos telúricos em que a convulsão da Terra ali deixou a marca indelével, serena e franca onde o meu olhar repousa, encantado, de todas as vezes que passo pelo altos dos seus montes, ou pelos seus vales, como aconteceu, um dia já longe, num passeio matinal em que de um relance compus este trecho poético de amor pelos montes da minha Beira:

ENTRE MONTES 

Nesta manhã
Magnificente
A Natureza é minha irmã
E é assim de toda a gente!

Avezitas que cantais
Com sonhos de mais além...
Vede:
- Somos iguais
No modo como damos à vida
E sempre de boa fé
O nosso canto
De aves sem guarida...

Somos iguais... iguais!

1956

Penso, hoje, neste tempo longo que a vida me tem concedido que valeu a pena ter dado á vida - de boa fé, como as aves - o meu canto sem guarida, porque a vida me pagou cem por um por ter agido assim, sem grandes cálculos que não fossem o de a construir com o ar sadio que bebi nos montes e vales da minha Beira Baixa.

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