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quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Um soneto à Virgem, de Antero de Quental


in, Revista "O Occidente" de 1 de Julho de 1893
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Este belíssimo soneto de Antero de Quental - que foi em vida um procurador de si mesmo para dar resposta às suas dúvidas religiosas - escreveu esta composição eivada de uma religiosidade genuína, com centro na figura excelsa da Virgem.

É uma prova que o homem pode ter dúvidas no âmbito da crença nos Santos - e é bom que as tenha, que para isso nasceu - mas, acontece um mistério inexplicável, quando se põe a questão da crença na Virgem Mãe de Jesus, porquanto, ante ela, há um momento na vida em que tudo se desvanece na mente humana para surgir sem dúvida a figura daquela nazarena, cujo perfume evangélico chega distinto por cima de toda a História cristã.

Antero de Quental inalou o perfume da Virgem e do seu estro fulgurante fez que nascesse, muito belo e místico este soneto que ficou a marcar na Literatura Portuguesa um momento de rara beleza humana a roçar o divino que havia no Poeta açoriano e que ele quis deixar como uma prenda de amor dedicada à Virgem Santíssima, Cheia de Graça, Mãe de Misericórdia.

Antero de Quental, como se pode ler e meditar no primeiro verso, sem negar a sua incerteza, como afirma no verso seguinte - de nocturna e indizível ansiedade - não tardou em reconhecer na maior de todas as Santas o seu olhar de piedade à mistura com a tristeza, que lhe dava outra luz, que foi assim a vida daquela Mulher que ante os seus olhos viu morrer na Cruz do Calvário o Filho do Mistério eucarístico.

Leiamos este soneto mais uma vez, hoje, e vejamos a beleza de forma substantiva que faz dele dos mais místicos, entre tantos outros, que a alma dos poetas portugueses têm ofertado à Virgem, de tal modo que no fim apetece ler de novo e rezar pela alma de Antero de Quental, que num dia trágico voou desde o Campo de S. Francisco na Ilha de S. Miguel, para o seio daquela Virgem Santíssima que ele honrou nesta feliz e imorredoira composição poética que aqui aparece tal como foi publicada no dia 1 de Julho de 1893.

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