AS NEREIDAS
in, "OS LUSÍADAS" - Canto IX - estrofes 50 e 51
Gravura publicada pela Revista "O Occidente" de 15 de Abril de 1880
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50 - ( Congregam-se as Ninfas e
Nereidas na Ilha dos Amores )
Já todo o belo coro se aparelha
Das Nereidas, e junto caminhava
Em coreias gentis, usança velha,
Para a ilha, a que Vénus as
guiava.
Ali a formosa Deusa lhe aconselha
O que ela fez mil vezes, quando
amava.
Elas, que vão do doce amor
vencidas,
Estão a seu conselho oferecidas.
51 - ( Avistam os portugueses
a Ilha dos Amores )
Cortando vão as naus a larga via
Do mar ingente para a pátria
amada,
Desejando prover-se de água fria,
Para a grande viagem prolongada,
Quando juntas, com súbita alegria,
Houveram vista da ilha namorada,
Rompendo pelo céu a mãe formosa
De Menónio, suave e deleitosa.
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Leiamos, seja porque ângulo for, de apreciação literária de prazer ou estudo o célebre livro a que Luís de Camões deu o nome de - OS LUSÍADAS - e nesta Obra única, fixemos a nossa atenção sobre o Cap. IX, que em linhas gerais retrata a detenção em terra de dois feitores portugueses encarregados da venda de mercadorias com o fim de lhes retardar a partida, para dar tempo a que uma armada muçulmana vinda de Meca destruísse a nossa armada.
Informado deste plano Vasco da Gama parte e tenta fazer embarcar os ditos feitores, o que não é conseguido. Como represália não deixa que vários mercadores da Índia desembarquem, atitude que por ordem do Samorim, leva que aos dois feitores portugueses as suas fazendas lhes tenham sido restituídas.
É então - admirando a coragem do comandante da armada portuguesa - entra em cena Vénus, dirigindo-se a seu filho Cupido mandando reunir as Danaides . ninfas do Mar - numa ilha especialmente preparada para escolher os marinheiros portugueses, a "Ilha dos Amores" tendo-a colocado no trajecto, e de tal modo, que esta fosse encontrada infalivelmente, com aconteceu, levando Tétis - a maior - a quem todas obedeciam a apresentar-se a Vasco da Gama a quem recebeu com pompa e ao qual, levando-o pela mão ao seu palácio lhe explicou o significado da "Ilha dos Amores", terminando este Capítulo de "Os Lusíadas" com uma exortação dirigida a todos os que aspiram imortalizar o seu nome.
Tudo é simbólico... mas tudo é muito belo e cheio de sentido patriótico, tal é assim, todo o entrecho dos dez Cantos de "Os Lusíadas".
É então - admirando a coragem do comandante da armada portuguesa - entra em cena Vénus, dirigindo-se a seu filho Cupido mandando reunir as Danaides . ninfas do Mar - numa ilha especialmente preparada para escolher os marinheiros portugueses, a "Ilha dos Amores" tendo-a colocado no trajecto, e de tal modo, que esta fosse encontrada infalivelmente, com aconteceu, levando Tétis - a maior - a quem todas obedeciam a apresentar-se a Vasco da Gama a quem recebeu com pompa e ao qual, levando-o pela mão ao seu palácio lhe explicou o significado da "Ilha dos Amores", terminando este Capítulo de "Os Lusíadas" com uma exortação dirigida a todos os que aspiram imortalizar o seu nome.
Tudo é simbólico... mas tudo é muito belo e cheio de sentido patriótico, tal é assim, todo o entrecho dos dez Cantos de "Os Lusíadas".
A Ilha dos Amores
simboliza o reconhecimento dos feitos do povo português através de uma
recompensa – a celebração de um casamento cósmico entre as ninfas e os
portugueses, através do qual Camões os eleva a um estatuto de deuses. É como se se dissesse que quem pratica feitos
de tal magnitude, não esquecendo os sacrifícios causados pelos homens inimigos
e pelos deuses, principalmente Baco, merecem todo o carinho e admiração universal.
Tudo isto tivemos... e tudo perdemos!
As Danaides - veneradas como ninfas do Mar - de acordo com a Mitologia grega eram filhas de Nereu cujo reino era ocupado pelo mar Egeu, sendo conhecido pela sua justiça, um sentimento que as Danaides honraram pelo modo como se ofereceram aos marinheiros portugueses, dando aso à sua beleza e vaidade com as quais costumavam dominar o coração e a fantasia dos homens.
Vale a pena ler todo o Capítulo IX de "Os Lusíadas" e admirar o patriotismo e erudição de Luís de Camões, que tendo-se servido da Mitologia grega traçou nele um dos quadros mais belos da sua epopeia poética, das maiores e mais belas que o espírito humano concebeu, um feito literário que fez dele dele o maior dos Poetas portugueses e um dos maiores do Mundo.
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