Escultura de Simões de Almeida
in, Revista "O Occidente"de 1 de Fevereiro de 1880
Notícia coeva
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Da gíria popular:
Esta palavra saudade
E aquele que a inventou
Na primeira vez que a disse
Concerteza que chorou…
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Dos Poetas
Saudades
Saudades! Sim.. talvez.. e por que
não?...
Se o sonho foi tão alto e forte
Que pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!
Esquecer! Para quê?... Ah, como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão.
Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar
Mais decididamente me lembrar de ti!
E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais saudade andasse presa a mim!
Florbela Espanca, in "Livro
de Sóror Saudade"
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Palavra genuinamente portuguesa não falta quem afirme que ela nasceu com a gesta marítima dos Descobrimentos para definir os meses de ausência dos marinheiros longe dos seus familiares, exprimindo lembranças sofridas pela solidão dos mares e daqueles que nos cais viram partir as naus e teria sido dessa génese ligada à marinhagem que alguém - que nunca saberemos - criou o termo, que depois foi aproveitado pelos Poetas e assim chegou aos nossos dias.
A quadra da gíria popular que se reproduz diz que esse alguém, na primeira vez que a disse concerteza que chorou e, naturalmente, isto aconteceu em cima duma nau, numa noite de luar silente, no baloiço das águas em paragens estranhas por onde andamos em busca de novos mundos que acabamos por perder...
Será que deles ainda restam algumas saudades?
Tenho a certeza que sim!
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