Daqui vejo um pedaço do mundo e se o vejo desajeitado, sofrendo a mágoa duma realidade melhor que desejei, estou consciente de não ter sido um destruidor assumido, embora admita a omissão de o não ter ajudado a erguer como devia, sugerindo estas afirmações que os dois modos contrários do meu agir reflectem a minha desatenção humana, dando-me a certeza que a ela só escapam os homens fadados para destinos superiores
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quarta-feira, 31 de agosto de 2016
"Minha Pátria é a Língua Portuguesa"
«Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho,
porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua
portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não
me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio
que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem
escreve em ortografia simplificada, mas a pagina mal escrita, como pessoa
própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem
ípsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o
cuspisse.
Sim, porque a ortografia também é gente. A palavra é
completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-m'a do
seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha.»
in, Livro do Desassossego
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Desde os tempos - já longe - em que tomei conhecimento e li esta frase de Fernando Pessoa, eu que sempre tivera pelo Poeta uma estima muito pessoal onde não faltava a minha admiração pelo profetismo que ele tinha dos tempos, chamo, hoje, para defesa da minha tese o profeta Jeremias que logo a abrir o seu Livro ao falar da existência humana fala da sua sua vocação para ser profeta, por habitar no coração de Deus. Diz ele: "Antes de formar-te no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das nações. Vamos, põe a roupa e o cinto, levanta-te e comunica-lhes tudo que eu te mandar dizer: não tenhas medo." (Jr 1, 5.17), e pensar que pelo baptismo essa vocação nos é confirmada. Somos chamados a ser sacerdotes, profetas e reis, por sermos - se quisermos - testemunhas vivas das maravilhas de Deus na humanidade. com capacidade de ter para si - como um desiderato - o desejo de Deus para seus filhos e filhas e anunciar a todas as pessoas esses desejos, ainda que o anúncio não seja bem recebido, ou desagrade a alguns.
Penso, pois, hoje, mais que nunca que "Minha Pátria é a Língua Portuguesa" é uma frase profética de Fernando Pessoa, pois aquele que viria a tornar-se o maior vulto dos escritores portugueses sabia que cada língua tem a sua cor própria, assim com a
sua luz e a sua musicalidade, razão porque desvirtuá-la é sempre um "crime" e esse veio a acontecer com o novo acordo ortográfico que é uma aberração dos políticos incultos que nos têm governado recentemente e, sem pejo, consumaram esse "crime".
É por isso que eu tiro o meu chapéu a jornalistas, comentadores e escritores que escrevem de acordo com a ortografia anterior ao AO, não indo atrás de modas, sujeitando o velho Portugal - pai da Língua Portuguesa - ao vexame de se vergar ante aqueles que sem qualquer respeito nos impuseram alterações disformes onde falta a identidade da Pátria que somos, roubando-nos a "cor" a "luz" e, sobretudo a "música" da escrita das nossas palavras e a subsequente originalidade da sua dicção.
Os profetas têm sempre razão. Fernando Pessoa teve-a antes do tempo.
É, por isso, que ele foi um profeta ao dizer o que disse naquela frase cheia de sentido patriótico, infelizmente desrespeitada por uma classe politica iletrada e de todos os académicos que se deixaram enrolar na onda alterosa do desnorte das ideias.
terça-feira, 30 de agosto de 2016
A Ilha dos Amores
AS NEREIDAS
in, "OS LUSÍADAS" - Canto IX - estrofes 50 e 51
Gravura publicada pela Revista "O Occidente" de 15 de Abril de 1880
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50 - ( Congregam-se as Ninfas e
Nereidas na Ilha dos Amores )
Já todo o belo coro se aparelha
Das Nereidas, e junto caminhava
Em coreias gentis, usança velha,
Para a ilha, a que Vénus as
guiava.
Ali a formosa Deusa lhe aconselha
O que ela fez mil vezes, quando
amava.
Elas, que vão do doce amor
vencidas,
Estão a seu conselho oferecidas.
51 - ( Avistam os portugueses
a Ilha dos Amores )
Cortando vão as naus a larga via
Do mar ingente para a pátria
amada,
Desejando prover-se de água fria,
Para a grande viagem prolongada,
Quando juntas, com súbita alegria,
Houveram vista da ilha namorada,
Rompendo pelo céu a mãe formosa
De Menónio, suave e deleitosa.
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Leiamos, seja porque ângulo for, de apreciação literária de prazer ou estudo o célebre livro a que Luís de Camões deu o nome de - OS LUSÍADAS - e nesta Obra única, fixemos a nossa atenção sobre o Cap. IX, que em linhas gerais retrata a detenção em terra de dois feitores portugueses encarregados da venda de mercadorias com o fim de lhes retardar a partida, para dar tempo a que uma armada muçulmana vinda de Meca destruísse a nossa armada.
Informado deste plano Vasco da Gama parte e tenta fazer embarcar os ditos feitores, o que não é conseguido. Como represália não deixa que vários mercadores da Índia desembarquem, atitude que por ordem do Samorim, leva que aos dois feitores portugueses as suas fazendas lhes tenham sido restituídas.
É então - admirando a coragem do comandante da armada portuguesa - entra em cena Vénus, dirigindo-se a seu filho Cupido mandando reunir as Danaides . ninfas do Mar - numa ilha especialmente preparada para escolher os marinheiros portugueses, a "Ilha dos Amores" tendo-a colocado no trajecto, e de tal modo, que esta fosse encontrada infalivelmente, com aconteceu, levando Tétis - a maior - a quem todas obedeciam a apresentar-se a Vasco da Gama a quem recebeu com pompa e ao qual, levando-o pela mão ao seu palácio lhe explicou o significado da "Ilha dos Amores", terminando este Capítulo de "Os Lusíadas" com uma exortação dirigida a todos os que aspiram imortalizar o seu nome.
Tudo é simbólico... mas tudo é muito belo e cheio de sentido patriótico, tal é assim, todo o entrecho dos dez Cantos de "Os Lusíadas".
É então - admirando a coragem do comandante da armada portuguesa - entra em cena Vénus, dirigindo-se a seu filho Cupido mandando reunir as Danaides . ninfas do Mar - numa ilha especialmente preparada para escolher os marinheiros portugueses, a "Ilha dos Amores" tendo-a colocado no trajecto, e de tal modo, que esta fosse encontrada infalivelmente, com aconteceu, levando Tétis - a maior - a quem todas obedeciam a apresentar-se a Vasco da Gama a quem recebeu com pompa e ao qual, levando-o pela mão ao seu palácio lhe explicou o significado da "Ilha dos Amores", terminando este Capítulo de "Os Lusíadas" com uma exortação dirigida a todos os que aspiram imortalizar o seu nome.
Tudo é simbólico... mas tudo é muito belo e cheio de sentido patriótico, tal é assim, todo o entrecho dos dez Cantos de "Os Lusíadas".
A Ilha dos Amores
simboliza o reconhecimento dos feitos do povo português através de uma
recompensa – a celebração de um casamento cósmico entre as ninfas e os
portugueses, através do qual Camões os eleva a um estatuto de deuses. É como se se dissesse que quem pratica feitos
de tal magnitude, não esquecendo os sacrifícios causados pelos homens inimigos
e pelos deuses, principalmente Baco, merecem todo o carinho e admiração universal.
Tudo isto tivemos... e tudo perdemos!
As Danaides - veneradas como ninfas do Mar - de acordo com a Mitologia grega eram filhas de Nereu cujo reino era ocupado pelo mar Egeu, sendo conhecido pela sua justiça, um sentimento que as Danaides honraram pelo modo como se ofereceram aos marinheiros portugueses, dando aso à sua beleza e vaidade com as quais costumavam dominar o coração e a fantasia dos homens.
Vale a pena ler todo o Capítulo IX de "Os Lusíadas" e admirar o patriotismo e erudição de Luís de Camões, que tendo-se servido da Mitologia grega traçou nele um dos quadros mais belos da sua epopeia poética, das maiores e mais belas que o espírito humano concebeu, um feito literário que fez dele dele o maior dos Poetas portugueses e um dos maiores do Mundo.
segunda-feira, 29 de agosto de 2016
Um desplante!
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Anda o governo que temos a tentar levar a cabo uma directiva que obrigue as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) afectas aos Centros Sociais Paroquiais o pagamento às Finanças do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), quando estas instituições não tem fins lucrativos quanto ao serviço que prestam, por ser dedicado às comunidades mais carenciadas das populações mais próximas das Igrejas Paroquiais.
Esquece este governo que temos que se não fossem estas Instituições ligadas às Igrejas que pelo bem social que é praticado, deviam ser respeitadas por chegarem com o seu braço caritativo aos que a elas recorrem, especialmente os sofredores da chamada "pobreza envergonhada" que só os Párocos conhecem e encaminham para os refeitórios sociais, muitos deles pagos pelas esmolas dos fiéis.
Vir agora o governo que temos querer sujeitar os imóveis onde se presta um serviço social a pagar IMI é um desplante próprio do desnorte que reina, motivado, naturalmente, por forças contrárias à Igreja, fazendo lembrar os maus tempos da I República.
É, efectivamente, um desplante!
Este governo anda "cego" e a cegueira de que sofre não lhe dá para poder medir os passos que dá... pede-se, pois, que o governo abra os olhos e ponha a cabeça no lugar... porque a perdeu!
Existem paraísos...
Barragem de Santa Luzia - Concelho de Pampilhosa da Serra
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Existem paraísos...
Este que a foto documenta mostra um braço da bacia hidrográfica formada pelo homem no encaixe da muralha de betão armado contra a abertura rochosa dos contrafortes naturais que um deles pala sua grandiosidade espelha, para dar corpo à Barragem de Santa Luzia que alagou a povoação do Vidual de Baixo, que só de tempos a tempos deixa ver as ossadas das casas daquela povoação.
Existem paraísos...
Este é um deles e bem merece uma visita para alargar o olhar e embebecer a alma num cântico à Natureza que ali foi pródiga em favores dados ao homem e louvores ao Eterno Criador que ao deixar belezas assim, deixou o seu cartão do visita para quem o queira visitar naquele recanto fantástico do Concelho de Pampilhosa da Serra.
domingo, 28 de agosto de 2016
sábado, 27 de agosto de 2016
Legitime-se...
Quando virá o dia para António Costa se legitimar perante os portugueses?
Ou será que ele pensa que o seu governo formado nas costas do povo, merece todos os encómios de uma conquista eleitoral?
Penso que vai sendo tempo de acabar com a farsa montada só para somar votos e ter maioria, esquecendo que o sufrágio a que submeteu o Partido Socialista não o tornou vencedor de nada que não fosse, vencer depois dos votos contados.
Legitime-se, por favor, ou será que os votos vão continuar a contar-se depois para formar maiorias - o que pode ser aceitável se à partida os portugueses previamente forem informados - mas como tal não aconteceu no passado dia 4 de Outubro de 2015, urge a legitimação política de António Costa.
Esta palavra saudade...
Escultura de Simões de Almeida
in, Revista "O Occidente"de 1 de Fevereiro de 1880
Notícia coeva
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Da gíria popular:
Esta palavra saudade
E aquele que a inventou
Na primeira vez que a disse
Concerteza que chorou…
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Dos Poetas
Saudades
Saudades! Sim.. talvez.. e por que
não?...
Se o sonho foi tão alto e forte
Que pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!
Esquecer! Para quê?... Ah, como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão.
Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar
Mais decididamente me lembrar de ti!
E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais saudade andasse presa a mim!
Florbela Espanca, in "Livro
de Sóror Saudade"
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Palavra genuinamente portuguesa não falta quem afirme que ela nasceu com a gesta marítima dos Descobrimentos para definir os meses de ausência dos marinheiros longe dos seus familiares, exprimindo lembranças sofridas pela solidão dos mares e daqueles que nos cais viram partir as naus e teria sido dessa génese ligada à marinhagem que alguém - que nunca saberemos - criou o termo, que depois foi aproveitado pelos Poetas e assim chegou aos nossos dias.
A quadra da gíria popular que se reproduz diz que esse alguém, na primeira vez que a disse concerteza que chorou e, naturalmente, isto aconteceu em cima duma nau, numa noite de luar silente, no baloiço das águas em paragens estranhas por onde andamos em busca de novos mundos que acabamos por perder...
Será que deles ainda restam algumas saudades?
Tenho a certeza que sim!
Uma paisagem familiar
Os meandros do Zêzere na zona da Amoreira (Pampilhosa da Serra)
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Sempre que por ali passo os meus olhos mergulham neste pedaço coleante do rio Zêzere e a sua postura líquida em torno dos montes telúricos, pela demora que faz num extenso território do velho concelho de Pampilhosa da Serra que ele serve como a sua fronteira natural que divide com o concelho de Oleiros, deixa-me a pensar que o Zêzere enamorado daqueles locais paradisíacos demora-se, de propósito no namoro que lhes faz e, por isso, dobra-se e desdobra-se dengoso a cantar numa dobra mais rápida, ou como na foto, sereno a esbater-se contra as margens que não o comprimem por serem generosas pela sua inclinação natural, sempre prontas a recebê-lo seja de Verão ou Inverno.
Neste local o rio Zêzere é um dos mais belos espectáculos que é oferecido, quer seja ao viajante que pela primeira vez o aviste ou naquele - que como eu - sou seu velho conhecido e sempre regalado de o ver naquele abraço aos montes que parecem terem sido criados para que ele - pela demora que faz - fizesse deles as sentinelas privilegiadas da sua toalha líquida que corre para o Tejo, sem pressas para que o possamos admirar.
Deste rio disse Duarte Nunes de Leão que ele vai meter no Tejo com tanto furor e ímpeto que a água dele vai distinta da do Tejo num grande espaço, o que significa que as suas águas filtradas pelos vales do montes entram na confluência com o grande rio peninsular de tal modo, que deixam a sua marca até esta se perder na poluição do grande rio que corre para Lisboa.
Deste rio disse Duarte Nunes de Leão que ele vai meter no Tejo com tanto furor e ímpeto que a água dele vai distinta da do Tejo num grande espaço, o que significa que as suas águas filtradas pelos vales do montes entram na confluência com o grande rio peninsular de tal modo, que deixam a sua marca até esta se perder na poluição do grande rio que corre para Lisboa.
sexta-feira, 26 de agosto de 2016
Judite: a heroína judia de Betúlia
in, Revisra "O Occidente" de 15 de Setembro de 1880
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O feito de Judite que viveu no século VI a.C. - narrado no Livro bíblico que tem o seu nome . não se coaduna com os princípios da moral cristã que só assentou as suas primícias no convívio social com a doutrina evangélica de Jesus Cristo, séculos depois, mas obedeceu às ideias do tempo e é a esse princípio que o seu acto heróico tem de ser aceite.
A sua cidade - Betúlia - havia-se rendido a Holofernes, o general comandante das tropas da Assíria (actual norte de Iraque) que tendo-a cercado lhe cortara o acesso ao resto da País e a Jerusalém.
O Império assírio no tempo de Judite
Judite, que é referida como viúva, sai da cidade e dirige-se ao acampamento do inimigo e excita com a sua beleza os ardores apaixonados de Holofernes e após a exposição desesperada do seu povo atacado pela fome e que segundo o relato, tendo-a ouvido amavelmente fica rendido à sua beleza, numa certa noite, tendo-a convidado para participar num banquete, após este e na sua tenda do acampamento, cheio de paixão por ela, durante o sono do general-chefe, Judite servindo-se da sua própria espada cortou-lhe a cabeça.
Concluído o acto, discretamente sai do acampamento.
Quando as tropas assírias deram pela falta do seu comandante, ao terem encontrado o seu cadáver instalou-se o pânico, o que originou o consequente contra ataque dos judeus culminado com a vitória contra um exército sem chefe e a sua debandada, de que resultou a consagração de Judite pelo povo de Betúlia, tendo o seu feito originado a deslocação de Jerusalém do Sumo-Sacerdote Joacim para a felicitar, tendo ela entoado, como resposta àquele gesto de cortesia o seu famoso cântico:
«Entoai um
cântico ao meu Deus
com tamborins,
cantai ao meu
Senhor com címbalos,
cantai-lhe um
salmo novo,
exaltai-o e
invocai o seu nome,
porque Deus é
o Senhor que esmaga as guerras,
porque me
reconduziu ao seu acampamento, no meio do povo,
e me arrancou às
mãos dos meus perseguidores.
Os assírios vieram
das montanhas do Norte,
com miríades
dos seus guerreiros;
a sua multidão
cobria os vales,
e os seus cavalos
cobriam as montanhas.
Ameaçou
queimar o meu território,
matar os meus
jovens à espada,
deitar por
terra as minhas crianças de peito,
fazer das
minhas crianças presa sua
e raptar as
minhas virgens.
Mas, o Senhor
todo poderoso
fez-lhes frente
pela mão de uma mulher.
O seu homem
valente não morreu às mãos dos jovens,
nem foram os
filhos dos Titãs que o derrotaram,
nem foram os
gigantes que o venceram,
mas sim Judite,
filha de Merari,
que o derrotou
com a beleza do seu rosto.
Ela tirou o
seu vestido de viúva,
para exaltar os
oprimidos de Israel.
Ungiu o seu
rosto com perfume,
segurou o
cabelo com uma tiara
e vestiu um vestido
de linho para o seduzir.
A sua sandália
encantou os seus olhos,
a sua beleza
cativou o seu espírito
e a espada
cortou-lhe o pescoço.
Os da Pérsia
tremeram
por causa da
sua audácia,
e os da Média
ficaram perturbados com a sua coragem.
Então, os
meus humildes soltaram gritos de guerra,
o meu povo
fraco gritou
e os inimigos
tremeram;
levantaram as
suas vozes,
e o inimigo
retrocedeu.
Os filhos das
servas trespassaram-nos,
feriram-nos
como filhos de fugitivos,
pereceram diante
do exército do meu Senhor.
Cantarei ao
meu Deus um cântico novo.
Senhor, Tu és
grande e glorioso,
maravilhoso em
poder e invencível.
Que todas as
tuas criaturas te sirvam,
já que disseste
e elas foram feitas.
Enviaste o teu
espírito e as formaste,
e ninguém pode
resistir à tua voz.
O tumulto das
águas sacudirá
as montanhas
nos seus alicerces
e os rochedos
fundirão como cera diante de ti.
Mas Tu
continuarás a mostrar
a tua misericórdia
àqueles que te
temem.
Pois é pouco
todo o sacrifício
e oferta de
odor agradável,
e toda a sua
gordura é nada para o teu holocausto;
mas, aquele que
teme o Senhor será grande para sempre.
Ai das nações
que se levantaram contra o meu povo!
O Senhor todo
poderoso vingar-se-á delas no dia do juízo,
enviará o fogo
e os vermes sobre a sua carne
e chorarão de
dor para sempre.»
O Livro de Judite foi considerado canónico pelos judeus até ao século 1º d.C., por decisão do Papa Inocêncio I, tendo depois passado a ser considerado apócrifo, até que com a tradução para latim de S. Jerónimo passou a figurar nas edições católicas da Bíblia, pese embora o seu estilo, devendo ser entendido em face das façanhas do povo assírio, um povo de guerreiros que baseava as suas leis no Código de Hamurabi, rei da Babilónia no século XVIII a.C., acreditando-se que o seu rei era um enviado dos deuses, que em virtude dessa crença ficava distanciado dos demais mortais e cujo lema era deixar os deuses satisfeitos, pelo que fazia imperar a sua legitimidade pela violência militar, vangloriando-se das suas práticas sangrentas.
Assim, diante da opressão dos que acreditavam em deuses, é entendível o gesto de Judite, combatendo os inimigos com as mesmas armas e com a confiança em Deus Único, agindo contra aquela crença.
Nesse contexto, o Livro de Judite indica que a fé autêntica
é aquela que encarna a fidelidade a Deus e ao seu projecto dentro da situação
histórica concreta em que o povo vivia na época, fazendo de Deus um aliado com todos aqueles que lutavam para conquistar a liberdade e a vida, procurando destruir
toda e qualquer forma de escravidão e morte.
quinta-feira, 25 de agosto de 2016
A "Missa Nova"
OS PAIS DE CELEBRANTE DEPOIS DA MISSA NOVA
in, Revista "O Occidente" de 11 de Dezembro de 1893
(Quadro de Alcazar Tejedor - 1887)
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Este quadro famoso do pintor espanhol é um retrato fiel das emoções sentidas pelos pais do novo Padre, após terem assistido à primeira Missa do filho - conhecida como Missa Nova - no seguimento da ordenação presbiteral.
Sentado, o filho Padre acolhe a mãe, beijando-a, enquanto o pai limpa uma lágrima furtiva a que assiste o Bispo, acólitos e meninos de coro, todos vivendo, cada um à sua maneira o momento único em que a Igreja recebe um novo celebrante da Palavra Eterna que se tem transmitido de geração em geração desde os tempos apostólicos.
O que se passa ali, em linhas gerais, é apenas isto, mas o que não se vê representado pela arte do pintor é muito mais, e é de tal monta, que o pintor não no-lo podia transmitir dadas a imaterialidade que estão por cima de tudo o que nos é transmitido visualmente, porquanto, o jovem Padre recentemente instituído com as Ordens Sacras é alguém que tendo partido do povo, assume perante aqueles que o viram crescer e com quem brincou o ar solene de representar perante esse mesmo povo todo o Mistério que ao ordená-lo fez dele um Ministro do Altar e um filho dilecto, na linha espiritual, do Deus-Pai que o chamou para a realização das coisas eclesiais, mas sem deixar de ter os pés assentes no chão da vida, e ser perante os antigos companheiros um pai conselheiro na busca das "ovelhas perdidas".
Eu que tenho um respeito profundo pelos Padres que buscam o encontro com as "ovelhas perdidas" e são, por isso, dignos missionários de Jesus - que passou fazendo o bem - olho este quadro e fico a pensar no Mistério que leva homens a deixar quotidianamente o lar paterno para se dedicarem a servir a Igreja fundada naquele Dia às portas de Jerusalém para estender o seu abraço de Amor aos homens de todos o Mundo, sem excepções de cor ou raça.
É para estes, assim, que vai o meu abraço de gratidão,
"AVE MARIA" de Charles Gounod
in, Revista "O Occidente" de 11 de Novembro de 1893
Diz uma versão do tempo da vida terrena de Charls Gounod que o compositor escreveu uma melodia que intitulou "MEDITAÇÃO", que mais tarde juntou o texto da AVE-MARIA para oferecer à sua namorada.
Fosse como fosse, o que aconteceu é que o resultado originou que ficasse para a posteridade uma das mais belas composições da História da Música que ao longo dos tempos tem merecido as atenções dos melómanos e executantes.
Ouçamos esta AVE-MARIA e façamo-lo como uma meditação em honra da formosa Senhora que lhe serviu de inspiração.
Um soneto à Virgem, de Antero de Quental
in, Revista "O Occidente" de 1 de Julho de 1893
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Este belíssimo soneto de Antero de Quental - que foi em vida um procurador de si mesmo para dar resposta às suas dúvidas religiosas - escreveu esta composição eivada de uma religiosidade genuína, com centro na figura excelsa da Virgem.
É uma prova que o homem pode ter dúvidas no âmbito da crença nos Santos - e é bom que as tenha, que para isso nasceu - mas, acontece um mistério inexplicável, quando se põe a questão da crença na Virgem Mãe de Jesus, porquanto, ante ela, há um momento na vida em que tudo se desvanece na mente humana para surgir sem dúvida a figura daquela nazarena, cujo perfume evangélico chega distinto por cima de toda a História cristã.
É uma prova que o homem pode ter dúvidas no âmbito da crença nos Santos - e é bom que as tenha, que para isso nasceu - mas, acontece um mistério inexplicável, quando se põe a questão da crença na Virgem Mãe de Jesus, porquanto, ante ela, há um momento na vida em que tudo se desvanece na mente humana para surgir sem dúvida a figura daquela nazarena, cujo perfume evangélico chega distinto por cima de toda a História cristã.
Antero de Quental inalou o perfume da Virgem e do seu estro fulgurante fez que nascesse, muito belo e místico este soneto que ficou a marcar na Literatura Portuguesa um momento de rara beleza humana a roçar o divino que havia no Poeta açoriano e que ele quis deixar como uma prenda de amor dedicada à Virgem Santíssima, Cheia de Graça, Mãe de Misericórdia.
Antero de Quental, como se pode ler e meditar no primeiro verso, sem negar a sua incerteza, como afirma no verso seguinte - de nocturna e indizível ansiedade - não tardou em reconhecer na maior de todas as Santas o seu olhar de piedade à mistura com a tristeza, que lhe dava outra luz, que foi assim a vida daquela Mulher que ante os seus olhos viu morrer na Cruz do Calvário o Filho do Mistério eucarístico.
Leiamos este soneto mais uma vez, hoje, e vejamos a beleza de forma substantiva que faz dele dos mais místicos, entre tantos outros, que a alma dos poetas portugueses têm ofertado à Virgem, de tal modo que no fim apetece ler de novo e rezar pela alma de Antero de Quental, que num dia trágico voou desde o Campo de S. Francisco na Ilha de S. Miguel, para o seio daquela Virgem Santíssima que ele honrou nesta feliz e imorredoira composição poética que aqui aparece tal como foi publicada no dia 1 de Julho de 1893.
quarta-feira, 24 de agosto de 2016
Antigamente era assim...
in, Revista "O Occidente" de 1 de Junho de 1893
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Quase a dobrar o século XIX, a Revista "O Occidente" com a publicação desta sugestiva gravura mostra à saciedade numa rua de Lisboa como era vendido o leite ao domicílio, com as pachorrentas vacas leiteiras aguardado a freguesia servida "in loco" pelo pastor que fazia o papel de leiteiro, servindo o leite morno, onde faltavam cuidados higiénicos que nos tempos de hoje eram impensáveis.
Ao olhar a velha gravura que se reproduz o meu pensamento voou célere para a minha infância passada na Rua de Centeeira - ainda existente - e na qual, de fio a pavio, a D. Sara servia os fregueses do leite que ia buscar a uma das quintas próximas, já com outros cuidados higiénicos no atendimento ao freguês, mas recolhido na quinta onde o ia buscar por processos semelhantes aos representados na gravura.
Como isto vai longe... e como tudo está tão presente neta máquina admirável que é o nosso cérebro, o arquivo privilegiado das nossas recordações infantis!
Uma lembrança antiga
SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DA ROCHA
DE CARNAXIDE
in, Revista " O Occidente" de 1 de Junho de 1893
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Recordo-me bem.
Aconteceu este facto num dia de Domingo, em 25 de Maio de 1947.
Aconteceu este facto num dia de Domingo, em 25 de Maio de 1947.
Era adolescente e naquele dia realizava-se a Festa de Nossa Senhora da Rocha, em Carnaxide.
Com meus pais embarquei em Algés na camioneta que fazia a ligação com aquela localidade juntamente com outros festeiros que ali iam - como nós - festejar uma Imagem de Nossa Senhora que aparecera numa das margens do rio Jamor, sem que tardasse a ser causa de uma romaria que foi famosa, e ainda o era nos meus tempos verdes.
Coisas que ficam para sempre...
Com meus pais embarquei em Algés na camioneta que fazia a ligação com aquela localidade juntamente com outros festeiros que ali iam - como nós - festejar uma Imagem de Nossa Senhora que aparecera numa das margens do rio Jamor, sem que tardasse a ser causa de uma romaria que foi famosa, e ainda o era nos meus tempos verdes.
Coisas que ficam para sempre...
Acontecera aquele aparecimento de Nossa Senhora na manhã do dia 28 de Maio de 1822, quando uns rapazes do povoado que por ali andavam entregues às suas brincadeiras a correr atrás de um melro que os espicaçava voando de pedra em pedra até desaparecer, dando o seu lugar a um coelho bravo que ao sentir-se perseguido se meteu pela fenda de uma rocha, desaparecendo também.
Os rapazes não podendo entrar pela fenda foram buscar ferramentas e alargaram-na na esperança de caçar o coelho e qual não foi o espanto ao darem com uma grande lapa de forma oval com 28 palmos de comprimento e 24 de largura, tendo encontrado restos de ossadas humanas.
Aquela descoberta fez afluir à gruta alguns populares encabeçados por Manuel Plácido a quem coube a descoberta de uma Imagem de barro de Nossa Senhora, um facto que a partir daquele momento passou a levar àquele local gente de Lisboa e arredores, transformando-o num arraial onde iam todas as classes - nobreza, clero e povo - que não tardaram a dar esmolas no sentido de se erguer uma memória em honra daquela Imagem, o que levou o rei D. João VI por portaria de 27 de Julho de 1822 a ordenar que a Imagem fosse transportada para a Sé de Lisboa, o que veio a acontecer em 5 de Agosto imediato, contra o desgosto das gentes de Carnaxide que com as esmolas recebidas não desistiu de erguer um templo condigno, até que em 1882, sendo ministro do Reino o conselheiro Tomaz Ribeiro, o governo acedeu, estando concluída a obra, que a Imagem de Nossa Senhora da Rocha voltasse para Carnaxide.
A Festa da inauguração ocorreu no dia 28 de Maio de 1893 coma presença da Rainha D. Amélia, a quem, no final da cerimónia foi oferecida uma pasta emoldurada coma Flor de Liz e de Cristo, obra de Rafael Bordallo Pinheiro, com os seguintes versos:
Na pasta, para além assinaturas dos mesários assinaram a Senhora D. Joana Hintze RIbeiro e marido, conselheiro, Hintze Ribeiro.
Fonte: Revista "O Occidente" de 1 de Junho de 1893
Os rapazes não podendo entrar pela fenda foram buscar ferramentas e alargaram-na na esperança de caçar o coelho e qual não foi o espanto ao darem com uma grande lapa de forma oval com 28 palmos de comprimento e 24 de largura, tendo encontrado restos de ossadas humanas.
Aquela descoberta fez afluir à gruta alguns populares encabeçados por Manuel Plácido a quem coube a descoberta de uma Imagem de barro de Nossa Senhora, um facto que a partir daquele momento passou a levar àquele local gente de Lisboa e arredores, transformando-o num arraial onde iam todas as classes - nobreza, clero e povo - que não tardaram a dar esmolas no sentido de se erguer uma memória em honra daquela Imagem, o que levou o rei D. João VI por portaria de 27 de Julho de 1822 a ordenar que a Imagem fosse transportada para a Sé de Lisboa, o que veio a acontecer em 5 de Agosto imediato, contra o desgosto das gentes de Carnaxide que com as esmolas recebidas não desistiu de erguer um templo condigno, até que em 1882, sendo ministro do Reino o conselheiro Tomaz Ribeiro, o governo acedeu, estando concluída a obra, que a Imagem de Nossa Senhora da Rocha voltasse para Carnaxide.
A Festa da inauguração ocorreu no dia 28 de Maio de 1893 coma presença da Rainha D. Amélia, a quem, no final da cerimónia foi oferecida uma pasta emoldurada coma Flor de Liz e de Cristo, obra de Rafael Bordallo Pinheiro, com os seguintes versos:
Senhora, já tendes visto
Como fica a flor de Liz.
Bela entre as Cruzes de Cristo
De S. Tiago e de Aviz.
Fonte: Revista "O Occidente" de 1 de Junho de 1893
Afinal, não vai acontecer...
in, Jornal "i" de 24 de Agosto de 2016
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Há um provérbio português que diz assim: "Entrada de leão, saída de sendeiro", que como se sabe, quer assinalar todo o feito de alguém que entra em cena arrogantemente e dai de cena acabrunhado, sem honre nem proveito da sua entrada leonina.
O governo prometeu alterar a lei bancáriapara poder levar a cabo a renomeação dos oito oito Administradores para a Caixa Geral de Depósitos (CGD) que foram chumbados por Bruxelas e em Portugal - com mais premência por todos os partidos da esquerda parlamentar que sustentem o governo - a que se juntou o Presidente da República e todos os cidadãos que sentem vergonha de quem tem o dislate de propor coisas destas.
Afinal não vai acontecer...
Quando o disparate é grande até os seus próprios causadores se encolhem envergonhados...
Veremos se António Costa aprendeu a lição.
segunda-feira, 22 de agosto de 2016
Se a lei é impeditiva, muda-se a lei!
http://observador.pt/ ( de 22 de Agosto de 2016)
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A desnomeação de oito nomeados para a Administração da Caixa Geral de Depósitos por imposição do Banco Central Europeu (BCE) levou António Costa a querer mudar a lei bancária como fim de lhe permitir impor a sua vontade.
Não o vai conseguir mas fica o gesto: Se a lei é impeditiva muda-se a lei.
E viva a "ética republicana" do Partido Socialista, pelo que nos devemos acautelar com éticas destas, que levou todos os partidos parlamentares - incluindo os que sustentam este atabalhoado governo - a mostrarem o seu desacordo a que se junta, agora, o do Presidente da República, que pelos vistos alinha pelo mesmo diapasão, um facto que leva António Costa a focar sozinho e mal acompanhado.
Haja bom senso, que é dele que nascem as boas práticas!
Não o vai conseguir mas fica o gesto: Se a lei é impeditiva muda-se a lei.
E viva a "ética republicana" do Partido Socialista, pelo que nos devemos acautelar com éticas destas, que levou todos os partidos parlamentares - incluindo os que sustentam este atabalhoado governo - a mostrarem o seu desacordo a que se junta, agora, o do Presidente da República, que pelos vistos alinha pelo mesmo diapasão, um facto que leva António Costa a focar sozinho e mal acompanhado.
Haja bom senso, que é dele que nascem as boas práticas!
quinta-feira, 4 de agosto de 2016
Palavras do Papa Francisco aos jovens
Queridos jovens, boa tarde! Finalmente nos encontramos !
Obrigado por esta calorosa recepção.
Foi com estas palavras que o Papa Francisco na tarde do
passado dia 28 de Julho de 2016, na Esplanada de Blonia, na cidade de Cracóvia
(Polónia) acolheu as muitas centenas de milhares de jovens que estiveram
presentes na trigésima primeira Jornada Mundial da Juventude (JMJ)
Depois, no tempo aprazado, dirigindo-se-lhes, disse:
Conhecendo a paixão que pondes na missão, ouso repetir: a
misericórdia tem sempre o rosto jovem. Porque um coração misericordioso tem a
coragem de deixar a comodidade; um coração misericordioso sabe ir ao encontro
dos outros, consegue abraçar a todos. Um coração misericordioso sabe ser um
refúgio para quem nunca teve uma casa ou perdeu-a, sabe criar um ambiente de
casa e de família para quem teve de emigrar, é capaz de ternura e compaixão. Um
coração misericordioso sabe partilhar o pão com quem tem fome, um coração
misericordioso abre-se para receber o refugiado e o migrante. Dizer misericórdia
juntamente convosco é dizer oportunidade, dizer amanhã, compromisso, confiança,
abertura, hospitalidade, compaixão, sonhos.
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Lançai-nos, Senhor, na aventura de construir pontes e
derrubar muros (cercas e arame farpado); lançai-nos na aventura de socorrer o
pobre, quem se sente sozinho e abandonado, quem já não encontra sentido para a
sua vida. Eis-nos aqui, Senhor! Enviai-nos a partilhar o vosso Amor Misericordioso.
Queremos acolher-Vos nesta Jornada Mundial da Juventude, queremos afirmar que a
vida é plena quando é vivida a partir da misericórdia; esta é a parte melhor
que nunca nos será tirada.
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Já, noutras ocasiões, havia dito:
Por favor, não deixem para os outros o ser protagonistas da
mudança! Vocês são aqueles que têm o futuro! Através de vocês, entra o futuro
no mundo. Também a vocês, eu peço para serem protagonistas desta mudança.
Continuem a vencer a apatia, dando uma resposta cristã às inquietações sociais
e políticas que estão surgindo em várias partes do mundo. Peço-vos para serdes
construtores do mundo, trabalharem por um mundo melhor. Queridos jovens, por
favor, não olhem a vida da varanda. Entrai nela.
Rio de Janeiro (Janeiro de 2013)
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É feio ver um jovem estático, que vive, mas vive como um
vegetal. Dão-me muita tristeza ao coração, os jovens que vão para a reforma aos
20 anos! Sim, envelheceram cedo... Viver, não é ir vivendo!
Turim (Itália) - (Junho de 2015)
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Não queremos jovens que se cansam rápido e que vivem
cansados, com cara de tédio. Queremos jovens fortes. Queremos jovens com
esperança e fortaleza. Porquê? Porque conhecem Jesus, porque conhecem Deus.
Porque têm um coração livre.
(Durante a sua viagem ao Equador, Bolívia e Paraguai (Julho
de 2015)
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Este constante apelo do Papa Francisco ao jovens faz todo o
sentido, quer do ponto de vista apostólico, como social, porque as nossas
sociedades estão carecidas de ser refrescadas pelo impulso que os jovens lhe
podem dar, não só pelo fulgor da idade, como pela generosidade que neste
estádio da vida é mais presente, e é dessa presença física - se for como deve
ser acompanhada da presença moral e da sua formação ético-cristã - que o Mundo
anda precisado, pelo que está de parabéns o Papa Francisco, condutor fidelíssimo
da Igreja Católica Apostólica Romana, que foi chamado a servir e o tem feito de
um modo que está a espantar todos os homens, mesmo aqueles que não se alinham
pela Igreja que ele serve, que com todos os erros humanos, continua como
nenhuma outra a ser fiel aos ensinamentos do seu Fundador.
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