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quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Memória do velho Estádio José Alvalade, a que não faltam recordações no "Quebra Bilhas"

https://www.sporting.pt/pt/clube/hist%C3%B3ria/est%C3%A1dios
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Recordo-me...
Corria o ano de 1956.

Era então um jovem e naquele mês de Junho, a par com as festas dos Santos Populares tive mais uma: a da inauguração do Estádio José Alvalade, onde passaria a ver os jogos do Sporting - o meu clube de sempre - o sexto palco que substituiu o antiquando "Stadium de Lisboa" também conhecido pelo "Estádio do Lumiar" remodelado em 1947, contando com o arrelvamento do terreno de jogo, a melhoria da pista de atletismo e de ciclismo.

Foi este quinto palco que teve a honra de ver jogar a famosa equipa formada por: Azevedo, Cardoso e Manuel Marques, Canário, Barrosa e Veríssimo, Jesus Correia, Vasques, Peyroteo, Travassos e Albano, com estes últimos cinco nomes a dar corpo ao quinteto que para sempre ficará conhecido pelos "cinco violinos".

A inauguração do sexto campo desportivo do Sporting Clube de Portugal, o Estádio José Alvalade, em 1956 - onde tive a honra de ter estado presente fazendo companhia a um tio meu de feliz memória, um sócio fervoroso do Sporting - naquilo que tenho de memória foi uma luzidia festa a que presidiu o Chefe do Estado, Craveiro Lopes.

Tenho, ainda, na retina os muitos estandartes que desfilaram, assim como centenas de desportistas, com José Travassos, o "Zé Europa" - como passou a ser conhecido pelo facto de ter sido o primeiro futebolista português escolhido para uma selecção da Europa - e que eu vi, naquele memorável dia a desfilar garbosamente transportando bem erguida a Bandeira da Federação Portuguesa de Futebol, foi um belo momento que não esqueço.

O "amargo de boca" foi a derrota ante o Vasco da Gama por 3-2!

Depois disso e sempre na companhia do meu familiar vi naquele palco de tantas saudades, muitos jogos de futebol, findos os quais nos dirigíamos até ao Campo Grande, para o famoso "Retiro Quebra Bilhas", um lendário restaurante inaugurado em 1793 e que, como vim a saber muito mais tarde, era na cidade de Lisboa um velho testemunho da História do Fado do século XIX.

O "Retiro Quebras Bilhas" do meu tempo 

Era então costume - um costume sadio - quando o Sporting e o Benfica se defrontavam no Lumiar, alguns adeptos dos dois clubes demandarem o velho estabelecimento para ali, numa amena e por vezes acalorada discussão, mas sem infringir as regras do bom ambiente sadio daquele tempo - em que a  compostura social impunha as suas regras - recordo-me que no fim e sempre na boa companhia de meu tio, ter assistido a algumas cenas fadistas, o que acontecia sempre que da assistência irrompia um tocador de guitarra, um instrumento musical que o dono estabelecimento tinha sempre em cima de um dos cascos do vinho, bem à frente do balcão e que dispensava a quem a pedisse.

Tudo isto passou, incluindo o velho campo do Sporting que veio a dar aso ao actual, de 2003, que não tem a beleza arquitectural nem a do conjunto edificado dedicado às provas de outras modalidades a que se assistia independentemente do futebol, onde faltam, sobretudo, as pistas de atletismo e de ciclismo, mercê de um segundo plano dado àquelas actividades desportivas, para dar a primazia ao futebol, sinal de uns tempos que se tornaram mercantilistas.

Hoje, raramente vou ao futebol e sempre que vou o meu poiso é Alvalade e é sempre um motivo para recordar "in loco" as velhas lembranças de um tempo que jamais voltará, mas tem o condão de me sentir agradecido pelo facto de o ter vivido 

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