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sábado, 1 de dezembro de 2018

"LOGOS" - Sabedoria de Deus



in, "A Renascença" revista cultural publicada no Porto em 1878
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No Cristianismo o termo grego - LOGOS - sintetiza vários significados, como: "aquilo que é dito"- "aquilo que é pensado" - "fundamento" - e no Cristianismo significa "Sabedoria de Deus" identificada por Jesus Cristo no Novo Testamento.

Não se sabe, ao certo, o ano em que Antero de Quental escreveu este soneto que a revista "A Renascença" que o publicou em 1878 não no-lo diz.

Não é, possivelmente, um trabalho da sua mocidade de Coimbra nos tempos da fundação da "Sociedade do Raio" (1861-1862) um movimento que ele liderou e que quis renovar o País pela literatura, enquanto se distinguiu de ultraje em relação a Deus e acirradamente contra a Monarquia, donde teria vindo por extensão de ideias o seu pendor anti-cristão

Muito menos teria sido escrito até à fundação das "Conferências do Casino Lisbonense" (1871) onde Antero de Quental deixou os seus propósitos: "Seremos, em religião, pelo sentimento criador do coração humano, contra os mitos tradicionais das teologias. Seremos, em política, pelo governo do povo pelo povo. Em sociologia, pela emancipação do trabalho. Em literatura e arte, pelo fim social e civilizador da arte. Só dentro disto é que todas as opiniões são perfeitamente livres. Os mentores principais deste propósito ideológico, juntos constituíram o Grupo dos Cinco, para honra de Quental, de Eça de Queirós, de Ramalho, de Oliveira Martins e de Guerra Junqueiro, o mais incrível e insuperável de quantos homens de Pensamento e da Arte, num período único da História da Cultura Portuguesa, dominarão por muitos anos os horizontes das letras e das ideias."

Naturalmente, este soneto é uma marca do tempo que mediou entre 1871 e a sua morte em 1891, fruto da bipolaridade deste grande homem do pensamento, quando aquietadas  as forças que o lançaram na fornalha da vida política e social, de regresso definitivo a S. Miguel (Açores) (1891) de pazes feitas com Deus, o - LOGOS - que não via e, no entanto, como ele declara: "estás ao pé de mim / E o que é mais, dentro em mim",  nesse mesmo ano suicida-se num jardim do Campo de S. Francisco, arcando consigo para a sombra do túmulo o facto de ter sido, enquanto Poeta um místico, um crítico e um filósofo, porquanto, o misticismo e a metafísica são dois campos complementares onde o sentimento e a razão, a vontade e o temperamento aliado à inteligência, terçam armas, muitas vezes, até, mortificando-se. 

Este soneto é a prova disso mesmo.

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