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quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Burilando a vida...

O Oleiro

Cá vou burilando a vida
com toda a arte que tenho…
- Pouca, tantas vezes! –
mas teimando, por entender
que a vida em si,
é perfeita, por ser Obra de quem É!

Cá vou burilando a vida
Concertando  uma excrescência
do barro que sou e que deixei amolgar
por omissão minha!

Cá vou burilando a vida
no meu banco de oleiro que ponho a rodar
e sempre o deixo entontecido,
quando me esqueço de o travar…
bastado, apenas, um golpe de pé.

Deste meu pé que anda por aí sem parança,
quantas vezes, esquecido
do passo a mais que deu,
e a que pesa o facto indesculpável
de nem sempre entender, a sabedoria popular
que nos diz:

Avança-se, por vezes,  muito mais
quando a ponderação faz repensar
no passo mal dado que foi dado!

É, por isso, que me sento no meu banco de oleiro
para medir todos os passos que dou…
e, com a perfeição que posso, ir burilando a vida
na esperança deste alimento da alma
que teimosamente se recusa a morrer
sem antes ter deixado para o dia de amanhã
- e, talvez para o que vem a seguir –
obra que se veja!

Eis o motivo de viver
agarrado todas as manhãs ao banco de oleiro
que existe na minha oficina…
e que tem o dom de me chamar
para dar mais perfeição  à minha obra imperfeita!

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