O Oleiro
Cá vou burilando a
vida
com toda a arte que
tenho…
- Pouca, tantas
vezes! –
mas teimando, por
entender
que a vida em si,
é perfeita, por ser
Obra de quem É!
Cá vou burilando a
vida
Concertando uma excrescência
do barro que sou e
que deixei amolgar
por omissão minha!
Cá vou burilando a
vida
no meu banco de
oleiro que ponho a rodar
e sempre o deixo
entontecido,
quando me esqueço de
o travar…
bastado, apenas, um
golpe de pé.
Deste meu pé que anda
por aí sem parança,
quantas vezes,
esquecido
do passo a mais que
deu,
e a que pesa o facto
indesculpável
de nem sempre
entender, a sabedoria popular
que nos diz:
Avança-se, por vezes, muito mais
quando a ponderação faz repensar
no passo mal dado que foi dado!
É, por isso, que me
sento no meu banco de oleiro
para medir todos os
passos que dou…
e, com a perfeição que
posso, ir burilando a vida
na esperança deste alimento
da alma
que teimosamente se
recusa a morrer
sem antes ter deixado
para o dia de amanhã
- e, talvez para o
que vem a seguir –
obra que se veja!
Eis o motivo de viver
agarrado todas as
manhãs ao banco de oleiro
que existe na minha
oficina…
e que tem o dom de me
chamar
para dar mais
perfeição à minha obra imperfeita!
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