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terça-feira, 29 de julho de 2014

Letreiro (Um Poema de Miguel Torga)



Retrato a carvão de Isolino Vaz (1961)
in, Miguel Torga - Fotobiografia,  de Clara Rocha


LETREIRO


Porque não sei mentir,
Não vos engano:
Nasci subversivo.
A começar por mim - meu principal motivo
De insatisfação -,
Ajuízo.
Não me sei conformar.
E saio, antes de entrar,
De cada paraíso.

In, Orfeu Rebelde 


Dou comigo, por vezes, a ler e meditar sobre o "LETREIRO" com que Miguel Torga abre o livro "Orfeu Rebelde" e fico a enumerar de quantos paraísos arredei pé. 

Por pensar ser um dever moral não saber mentir tento imitar o Poeta - especialmente, se me revejo a mim mesmo - e ao fazer o filme da vida, olhando todos os paraísos onde entrei e saí, não raro, vejo claramente, os que ao longo da vida não me acolheram, naturalmente por ter pedido demais a uma beleza prometida que não havia ou, porque, não merecia tê-la recebido.


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