TODOS ME QUEREM...
Gavura publicada pelo Jornal extinto "A Bomba" de 18 de Maio de 1912
Foi assim nos tempos imediatos à implantação da República Portuguesa e de tal modo que o amor pela conquista do Poder - entronizado na Pátria simbolizada pela figura feminina empunhando o facho da vitória - não escapou ao feliz caricaturista do tempo que assim, eloquentemente, representou a avidez dos políticos da época na sua conquista.
A imagem é feliz, sobretudo, pela ideia da simbologia da Pátria Portuguesa cometida àquele vulto vermelho da mulher, que na nobreza do seu porte serviu de tema republicano, não tendo tido deste a paga que merecia, ao ponto de nos tempos actuais a Pátria não ser - como devia - acarinhada por aquilo que representa de nove séculos de História de afirmação territorial, em defesa da qual muitos portugueses morreram no campo da batalha.
Só por isso, a figura da Pátria devia ser exaltada e não ser confundida com o Poder que passa - ligeiro, tantas vezes - enquanto ela fica, ontem como hoje, de facho na mão a lembrar a todos que é falacioso o conceito de quem ao ter conquistado o poder julgue que fez o mesmo à Pátria.
Vem isto a propósito de alguns "iluminados" se sentirem vaidosos quando lhe chamam "pais da Pátria" e ficarem babados com o título que lhe dão outros "iluminados", quando afinal, "pais da Pátria" são todos os portugueses - homens e mulheres - que ao longo do tempo, com o seu esforço têm mantido viva a chama da Pátria que a figura da gravura ostenta, à qual mãos ávidas querem apanhar para si, como é visível e exemplarmente retratado pelo caricaturista.
Efectivamente não há "pais da Pátria"! Há homens e mulheres que no tempo devido, são chamados a servi-la, hoje, felizmente, pela força do voto popular.
São os que no momento conhecemos e devemos respeitar, sem contudo deixar de verberar os desmandos de uma linguagem rasteira que ouvimos de alguns que a todo o custo querem chegar ao Poder.
A Pátria, porque o povo que a informa - é bom - consente-os, mas dói-se de neste tempo os comportamentos humanos se continuarem a parecer com os dos velhos tempos em que a República de 1910 não soube criar cidadãos, mas arruaceiros.
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