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domingo, 3 de agosto de 2014

Viver de novo "A Hora de Cristo"



Capa do Livro de Michele Federico Sciacca


A velha Europa atravessa uma hora decisiva.
Nesta travessia que é feita entre dois modos de pensar e viver a realidade, em que um deles se baseia, apesar dos tropeções que são bem conhecidos, na raiz humanista-religiosa e o outro, mais hodierno num pendor técnico-utilitário aguerrido na verborreia e na prática, parece que, ou os dois se entrosam numa dialética de compromisso, ou se corre o risco de vivermos o fim duma civilização.

Fica, no entanto de pé a esperança, das duas correntes do pensamento aceitarem que é chegado o tempo de viver, de novo, A Hora de Cristo, advindo daí, a necessidade de um mergulho profundo na herança e um tempo que envelheceu, porque os homens se têm esquecido da "práxis" que resulta do humanismo autêntico que se respira na "filosofia" dos Evangelhos.

Michele Federico Sciarcca no livro A Hora de Cristo, faz-se eco da necessidade de se absolutizarem os valores humanos que a ilusão deslocou a partir do século XVI, a partir do laicismo iluminístico-liberal para o marxismo-social, sem que, esse laicismo optimista tenha dado ao homem a "carta de alforria" procurada, mas antes, uma vivência alternada de crise em crise, com a que a Europa atravessa neste momento.

Este facto leva o autor a declarar que a crise que afecta o mundo moderno e contemporâneo é crise de fundamento, de um fundamento absoluto da verdade e dos valores humanos, "ruptura" entre Deus e o homem. A sociedade hodierna, exceptuando núcleos isolados, encontra-se "desintegrada", é como uma sociedade de homens intelectual e moralmente desintegrados: falta-lhe a unidade fundamental. (...)

E, neste ponto, o professor catedrático da Universidade de Pavia chama-nos a atenção para o absoluto da metafísica que o mundo moderno julgou poder dispensar, cometendo aqui um erro capital, porquanto tudo aquilo que está para além do que palpável devia constituir no homem a crença que o conhecimento da essência das coisas, devia esbarrar com as farroncas dos liberalismos que tudo querem explicar, sem contudo, saberem que a felicidade dos homens não existe do corte dom Deus, mas antes, do corte absoluto para onde a metafísica aponta, ou seja, para a inteligibilidade do existir, do conhecer e do querer saber sobre a verdade que o homem representa, que é de tal modo, que ele não pode - nem deve - coabitar com a mentira que lhe estão inculcando.

E esta Europa, porque esqueceu os valores metafísicos, ou se refaz nos princípios de uma nova Hora de Cristo e a vive em profundidade, ou não deixará de se alienar e ela mesma, a outros "valores" que vivem à espreita, como o caçador que de soslaio espera o coelho a sair da toca.



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